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Após proximidade com presidentes americanos, Lula deve ter relação fria com Trump
Petista teve bom relacionamento com Bush, Obama e Joe Biden, mas cenário deve mudar drasticamente
BRASÍLIA - A vitória do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na disputa contra Kamala Harris, nesta quarta-feira (6), deve quebrar uma tradição de boas relações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os líderes americanos e distanciar os dois países.
Quando o petista tomou posse pela primeira vez, em 2003, o presidente dos Estados Unidos era o republicano George W. Bush, de viés conservador. Apesar das discordâncias sobre a guerra do Iraque, os dois mantiveram uma boa relação.
Lula foi recebido pelo americano em Washington e o recebeu em Brasília. Fizeram até mesmo um churrasco na Granja do Torto, casa de campo da Presidência da República, em clima de descontração.
Em 2009, Bush deu lugar ao democrata Barack Obama, mais progressista. Em mais de um momento, o americano citou Lula como exemplo para a América Latina e chegou a chamá-lo de “o cara” e o "político mais popular do mundo" durante uma reunião do G20 - o petista, inclusive, sempre faz questão de lembrar disso.
Já no atual mandato, com o também democrata Joe Biden, Lula compartilhou encontros e elogios mútuos. Ambos tinham um discurso voltado para o fortalecimento dos sindicatos e pela defesa de direitos trabalhistas.
O jogo, no entanto, muda a partir de 20 de janeiro de 2025, quando Donald Trump toma posse na Casa Branca. O indicativo é de que a relação deverá ser o mais protocolar possível e bem mais fria.
Trump é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e o bolsonarismo é frequentemente visto como uma versão "abrasileirada" do trumpismo. Em 2022, o republicano chegou a fazer campanha para Bolsonaro na disputa contra Lula.
Além disso, o petista nunca escondeu ser avesso a Trump, a quem classificou, na última sexta-feira (1), como a expressão de um “nazismo com outra cara”. O presidente brasileiro itiu que estava torcendo pela vitória de Kamala Harris, pois significaria um cenário "mais seguro para fortalecer a democracia". Nesta quarta-feira (6) ele parabenizou de forma protocolar o presidente eleito dos EUA.
Relações diplomáticas permanecem
Apesar da distância que se desenha entre Lula e Donald Trump, a diplomacia brasileira fará um esforço para manter o pragmatismo nas relações comerciais com os Estados Unidos. O país é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com mais de US$ 30 bilhões em exportações brasileiras para o território americano em 2023.
O parâmetro a ser seguido é o da Argentina, cujo presidente, Javier Milei, também está em campo oposto ao de Lula e ambos já chegaram a trocar ataques publicamente. Ainda assim, as exportações brasileiras ao país vizinho somaram US$ 14,4 bilhões no ano ado.
No entanto, algumas promessas de campanha de Donald Trump na economia geram preocupação no Palácio do Planalto. Uma delas é fazer um cerco à economia chinesa, principal parceira comercial do Brasil e grande compradora de produtos agrícolas.
Caso o presidente eleito americano cumpra com o que promete, isso pode afetar as exportações brasileiras à China, impactando em outros índices como o dólar e a inflação. Trump promete, ainda, ampliar o protecionismo aos produtos americanos. Medidas que podem impactar o cenário econômico do país e gerar um cenário mais propício a um crescimento da oposição.