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Vitória de Trump fortalece a direita no Brasil? Possíveis impactos para governo e oposição
Resultado da eleição americana energiza a oposição no Brasil, enquanto governistas veem sinal de alerta
BRASÍLIA - A vitória do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a vice-presidente Kamala Harris nas eleições americanas foi amplamente comemorada pela direita no Brasil. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e conservadores acreditam que o resultado pode impulsionar a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), visando as eleições de 2026.
Pessoas próximas ao ex-presidente acreditam que, da mesma forma que a derrota de Trump para Joe Biden em 2020 foi um baque para o então governo e uma inspiração para a esquerda brasileira, o inverso pode acontecer desta vez e ajudar a mudar os ventos da política brasileira. "Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho", publicou Bolsonaro na rede social X, nesta quarta-feira (6).
Nos bastidores são apontadas, ainda, semelhanças nas trajetórias de Trump e Bolsonaro. Após não terem sido reeleitos, ambos demonstraram dificuldade em aceitar o revés e não agiram para coibir movimentos que pregavam uma insurreição contra o resultado das urnas. Além disso, também é feita a comparação entre a invasão ao Capitólio americano, em 6 de janeiro de 2021, e as invasões aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
Outra semelhança é que ambos enfrentam processos criminais. O político americano foi condenado por ocultar um pagamento feito a uma atriz pornô para encobrir um caso extraconjugal. E é indiciado por supostamente ter incitado as invasões ao Capitólio - acusação semelhante à enfrentada por Bolsonaro em relação ao 8 de janeiro.
O brasileiro ainda responde a processos como o caso das joias e a falsificação em cartões de vacina. No entanto, Bolsonaro tem um obstáculo que Trump não enfrentou: está inelegível pela Justiça Eleitoral até 2030. Apesar de alguns bolsonaristas terem esperança de o quadro ser mudado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2026, ainda não há perspectivas de que isso aconteça.
Quadro preocupa o governo Lula
Além de um possível impulsionamento da oposição, algumas promessas de campanha de Donald Trump na economia geram preocupação no Palácio do Planalto. Uma delas é fazer um cerco à economia chinesa, principal parceira comercial do Brasil e grande compradora de produtos agrícolas.
Caso o presidente eleito americano cumpra com o que promete, isso pode afetar as exportações brasileiras à China, impactando em outros índices como o dólar e a inflação. Trump promete, ainda, ampliar o protecionismo aos produtos americanos. Medidas que podem impactar o cenário econômico do país e gerar um cenário mais propício a um crescimento da oposição.
No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi mais cauteloso nesta quarta-feira, ao avaliar a vitória de Trump: “Entre o que foi dito e o que vai ser feito, as coisas às vezes não se traduzem como foram anunciadas. E o discurso pós-vitória já é mais moderado que o da campanha”.
Nesta semana, o governo deve encaminhar ao Congresso Nacional medidas para cortar gastos, com a perspectiva de mexer em políticas como o BPC e o seguro-desemprego. A nova alta do dólar provocada pelo triunfo de Trump pressiona ainda mais Haddad a propor um pacote robusto, ao mesmo tempo em que terá de lidar com o fato de serem medidas impopulares.