BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “injustificado” manter Cuba, por decisão unilateral, como país que supostamente promove o terrorismo. A lista citada por Lula é definida pelos Estados Unidos e a presença de Cuba já foi alvo de crítica anterior do governo brasileiro.
Lula falou nesta terça-feira (24) na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que acontece em Nova York, nos Estados Unidos. No sábado (21), o presidente falou na Cúpula do Futuro e fez críticas diretas à ONU.
“É injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis”, declarou nesta terça-feira.
De acordo com Lula, "na América Latina vive-se desde 2014 uma segunda década perdida”. O presidente contou que a região cresceu, em média, apenas 0,69% nesse período - índice que representa metade do verificado na década “perdida” de 1980.
“Essa combinação de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade resulta em efeitos nefastos sobre a paisagem política. Tragada por disputas, muitas vezes alheias à região, nossa vocação de cooperação e entendimento se fragiliza”, acrescentou.
Lula ainda comentou sobre o Haiti. Segundo ele, “é inadiável”, no país, “conjugar ações para restaurar a ordem pública e promover o desenvolvimento”, completando que no Brasil “a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento”.
Lula fez indireta a Musk e falou sobre guerras e questão climática
O discurso de Lula na ONU ainda teve trechos direcionados ao bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X e da Starlink. O petista defendeu o direito à liberdade e afirmou que, para mantê-la, é necessário submeter as plataformas digitais às leis do país.
Lula também demonstrou preocupação com a escalada das tensões no Oriente Médio. Em paralelo à guerra na Faixa de Gaza, o exército de Israel ataca a região sul do Líbano, reduto do grupo terrorista Hezbollah.
"Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o Líbano", disse.
Outro tema abordado pelo presidente na abertura da Assembleia Geral foi a cobrança aos países ricos por auxílio financeiro às nações mais pobres. Isso, de acordo com ele, para o cumprimento dos acordos climáticos firmados no âmbito internacional.