CONGRESSO NACIONAL

Em tom de despedida, Pacheco discursa no Planalto e critica quem 'se ocupa' de 'plantar mentiras'

Ainda presidente do Congresso, Pacheco endureceu o tom ao propor reflexão sobre onda de desinformação; declaração ocorre diante de disseminação de mentiras sobre o Pix

Por Ana Paula Ramos e Lara Alves
Atualizado em 16 de janeiro de 2025 | 18:13

BRASÍLIA — No último grande ato público enquanto presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) se debruçou sobre a onda de desinformação que atingiu o Palácio do Planalto e se alastrou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Ele adotou um tom crítico ao refutar mentiras disseminadas nas redes sociais e que obrigaram o Governo Lula (PT) a recuar de mudanças no Pix que, segundo a Receita Federal, pretendiam rastrear os grandes sonegadores. 

“Enquanto alguns se ocupam de plantar desinformação, de plantar mentiras, de ter adesão a partir do discurso fácil de engajamento das redes sociais, há muitas pessoas trabalhando para que esse país resolva seus problemas”, declarou durante a cerimônia de sanção da regulamentação da reforma tributária, nesta quinta-feira (16). Diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de uma plateia de aliados e se dirigindo ao marqueteiro Sidônio Palmeira, recém-empossado ministro da Secretaria de Comunicação, Pacheco afirmou que “nada resiste ao trabalho”. 

“Enquanto há muitas pessoas tendo engajamento a partir da premissa da desinformação e da inverdade, há pessoas trabalhando para que o país possa superar suas dificuldades, com a solução da dívida dos Estados com a sanção do Propag e com esse projeto da reforma tributária”, repetiu também com um aceno aos governadores que atacaram os vetos do presidente Lula na sanção do programa para renegociação das dívidas que os Estados contraíram com a União — o recado atinge o mineiro Romeu Zema (Novo), também alvo de críticas recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do próprio presidente. 

Pacheco ainda voltou a citar as mentiras que atravessam o cenário político e encerrou a declaração afirmando a verdade deve pautar a vida pública. Além do gesto ao Palácio do Planalto, ele também se dirigiu diretamente ao presidente Lula e disse que a luta pela democracia os uniu. “Tive momentos muito felizes na presidência do Senado Federal ao longo desses quatro anos. Tive muitos momentos tristes também, de muitas dificuldades e de muitos dilemas”, declarou em tom de despedida. “Me orgulho muito de algo que nos uniu. Eu não o conhecia [Lula] antes do processo eleitoral de 2022. Vim a conhecê-lo depois e algo nos uniu: a defesa de algo sagrado para a nação brasileira, a democracia do nosso país”, afirmou. 

Pacheco encerra seu segundo mandato na presidência do Senado Federal no próximo 1º de fevereiro, quando o plenário se reunirá para eleger o próximo presidente. A expectativa é que um aliado dele, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), assuma o cargo com uma votação tranquila.