REFORMA MINISTERIAL

Demissão de Nísia é dada como certa e PT está dividido sobre substituto

Ministra sofre críticas de Lula, ministros e parlamentares do Centrão; Alexandre Padilha e Arthur Chioro são os mais cotados dos petistas

Por Renato Alves
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 | 10:37

BRASÍLIA – A demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, é dada como certa em Brasília. Integrantes do governo dizem que ela pode ocorrer ainda neste fim de semana. Depende apenas da definição do substituto e do retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à capital federal.

Lula ou a última noite em São Paulo, para onde foi na quinta-feira (20) fazer check-up no Hospital Sírio-Libanês. Boletim de saúde divulgado no fim da noite desta quinta-feira (21) informou que todos os exames realizados “estão dentro da normalidade, inclusive a tomografia do crânio de controle pós-operatório”.

Também na quinta-feira, reportagem da Folha de S.Paulo afirmou que Lula avisou aliados que substituirá Nísia na reforma ministerial. O nome mais forte para substituí-la é o do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que foi titular da pasta na gestão de Dilma Rousseff (PT), é o padrinho político de Nísia.

Nísia é criticada por congressistas, integrantes do governo e do próprio Lula. O presidente a cobrou por falta de uma marca forte na gestão, como foram o Mais Médicos e o Farmácia Popular, em istrações anteriores do petista. 

Em janeiro, a ministra intensificou suas viagens para promover o Mais o a Especialistas, lançado em abril do ano ado. Mas há um entendimento comum no governo que este não emplacou. E ainda há fortes críticas à Nísia quanto à eficiência da sua gestão no combate a doenças como a dengue. Faltam vacinas no país.

Com a popularidade do presidente em baixa, o Centrão tem pressionado por mais ministérios. E o da Saúde é um dos mais almejados, por causa da visibilidade e do volume do orçamento –  R$ 239,7 bilhões só neste ano. Mas os integrantes do PT não abrem mão da pasta, pelos mesmos motivos.

O nome de Padilha é defendido por Lula e outros petistas, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Os dois são velhos amigos. Padilha foi secretário municipal da Saúde de 2015 a 2017, quando Haddad era o prefeito de São Paulo.

Mas há um grupo de caciques do partido, liderados pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa, que preferem Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, que também já foi ministro da Saúde na istração Dilma Rousseff.

Nísia reclama de ‘fritura’ mas diz se sentir segura no cargo

Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, o Ministério da Saúde informou que Nísia cumpriu agenda em São Paulo e continua trabalhando normalmente. O comunicado também defendeu a atuação da ministra.

“A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforça que a atual gestão, sob o comando do presidente Lula, está cumprindo o compromisso de reestruturar o SUS e cuidar da saúde da população, com resultados concretos”, diz trecho da nota.

Em entrevista ao O Globo, concedida na quinta e publicada nesta sexta-feira (21),  Nísia afirmou se sentir segura no cargo e não ter recebido nenhum sinal de demissão. Mas reclamou da fritura, que considera “muito desagradável”, contestando as críticas à sua gestão.

“Esses rumores envolvendo meu nome existem desde o início do governo. É uma lástima, mas continuo fazendo meu trabalho. É muito desagradável. Minha família liga, jornalistas ligam, mas eu me sinto muito segura com minha gestão. E não fico acuada com especulações”, afirmou.

Ela não citou Lula. Mas, em março de 2024, Nísia já havia afirmado ser alvo de cobranças para que "falasse grosso" e afirmou que não precisaria mudar de postura para ser respeitada.