ISENÇÃO

‘Não tenho outro caminho a não ser esse’, diz Haddad sobre tributar super-ricos na IR

Ministro defendeu proposta enviada pelo governo e disse que dará ‘todo o apoio’ necessário a Lira

Por Levy Guimarães
Publicado em 23 de abril de 2025 | 11:41

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que a tributação de pessoas com renda acima de R$ 50 mil mensais é “o único caminho” para compensar o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.

Este é o ponto mais sensível da proposta enviada pelo governo Lula ao Congresso Nacional. Haddad citou a Lei de Responsabilidade Fiscal para defender o modelo previsto pelo projeto de lei.

“Eu não tenho outro caminho a não ser esse, tenho que compensar a renúncia de quem ganha até R$ 5 mil com a cobrança de quem não paga. Pode ser outro gasto tributário, nós optamos por este gasto tributário. [...] Chegamos a um desenho muito satisfatório. Não vai machucar ninguém”, disse, no evento CNN Talks, em Brasília.

O ministro destaca que, pelo projeto, a taxação vai afetar apenas 141 mil brasileiros com mais de R$ 1 milhão de renda por ano que “por uma série de brechas, não pagam impostos”. E aponta que essas pessoas vão pagar uma taxa mínima de 10% sobre a renda.

“Encontrar uma solução mais justa que essa, eu não conheço. Até porque não foi apresentada nenhuma ainda. Ela corrige uma injustiça social muito flagrante e que ninguém até agora quis botar o dedo”, complementou.

Na Câmara dos Deputados, o projeto está sob relatoria de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Casa. A expectativa é que nos próximos dias, seja instalada uma comissão especial que vai discutir a proposta. Depois, o texto deve ir ao plenário.

Cenário internacional

No evento, Fernando Haddad também comentou o cenário global marcado pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, a partir do “tarifaço” promovido pelo presidente americano, Donald Trump, e a contraofensiva do governo chinês. 

Para o ministro da Fazenda, esta é uma “novela que vai se arrastar”. Ele descartou que o Brasil corra o risco de uma recessão e aposta em um crescimento do PIB acima dos 2% previstos pelo mercado financeiro.

“Difícil acreditar que tarifas impostas mutuamente vão se manter, desorganizaria demais as cadeias produtivas globais. [...] Continuo prevendo um crescimento neste ano e torno de 2,5%, mas a depender dos desdobramentos da guerra comercial, podemos ter efeitos globais deletérios, afetando todos os países”, afirmou.