MINUTA

Bolsonaro consultou Forças Armadas para dar um golpe de Estado, diz Cid à PF

Os detalhes do depoimento de Mauro Cid em delação à Polícia Federal foram revelados pelo portal UOL e jornal O Globo

Por O TEMPO Brasíia
Publicado em 21 de setembro de 2023 | 10:07

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid contou, em delação premiada à Polícia Federal, que o ex-presidente teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas e os ministros militares do governo para discutir um suposto golpe de Estado logo após as eleições presidenciais em outubro do ano ado. 

As informações foram reveladas, nesta quinta-feira (21), pelo portal UOL e o jornal O Globo. Cid teria contado aos agentes da PF que Bolsonaro recebeu das mãos do assessor especial para assuntos internacionais Filipe Martins uma minuta de decreto para convocar novas eleições. A prisão de adversários políticos, segundo ele, estaria entre as medidas.  

Mauro Cid reportou que estava pessoalmente em duas reuniões. A primeira quando Felipe Martins teria entregue a minuta em questão para Bolsonaro. E, o outro encontro, seria a reunião do então presidente com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares.  

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid disse ainda, conforme revelado pelo O Globo e UOL, que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Jair Bolsonaro que a tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente. Mas, o mesmo entusiasmo, não teria sido notado no comando do Exército que afirmou, naquela reunião, que não cumpriria a ordem e, assim, não embarcaria no plano. 

PF investiga origem e teor de minuta

De acordo com Mauro Cid, o então assessor especial Filipe Martins e um advogado constitucionalista tiveram a reunião com o ex-presidente no final do ano ado para apresentar a minuta de golpe. Cid, no entanto, disse não lembrar o nome do advogado.  

A Polícia Federal investiga se a minuta de golpe é o mesmo documento que os agentes encontraram, em janeiro deste ano, na casa de Anderson Torres. O documento encontrado na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro determinava o decreto de um "estado de defesa" na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

Advogado não nega nem confirma informações

Por meio de nota, a defesa de Mauro Cid afirmou que, em razão das matérias citadas na imprensa sobre “possíveis reuniões com a cúpula militar para avaliar golpe no país”, “que não tem os referidos depoimentos, que são sigilosos, e que por essa mesma razão não confirma seu conteúdo”.

Já o Ministério da Defesa informou à reportagem de O TEMPO Brasília que o ministro José Múcio Monteiro vai conversar ainda nesta quinta com os comandantes das Forças Armadas sobre a repercussão da delação de Mauro Cid à PF. A conversa porém não deve ocorrer pessoalmente, uma vez que a pasta não sabe, até o momento, se os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica se encontram em Brasília.

De acordo com o sistema de agendas eletrônicas das autoridades do Executivo Federal, José Múcio Monteiro tem compromisso oficial apenas no período da tarde, quando se encontra com a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. A pasta informou que pela manhã, o ministro cumpre "despachos internos" e, por isso, não consta na agenda.