TENTATIVA DE GOLPE

Ramagem diz que deixou governo Bolsonaro antes da 'radicalização' e que assistiu consternado ao 8/1

Defesa encaminhou documento ao STF como resposta à denúncia apresentada pela PGR sobre a tentativa de golpe

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 06 de março de 2025 | 18:06

BRASÍLIA - A defesa do deputado federal e ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou a participação dele na suposta tentativa de golpe de Estado, em documento encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os advogados afirmaram que Ramagem deixou de integrar o governo de Jair Bolsonaro em março de 2022 e destacaram que ele foi eleito deputado federal.

"Como se vê, a narrativa apresentada na denúncia demonstra 
claramente uma radicalização de falas e atos a partir do ano de 2022, mais precisamente a partir de julho de 2022, momento em que Alexandre Ramagem Rodrigues não mais integrava o Governo Federal, já tendo sua atenção há meses voltada à disputa eleitoral que se avizinhava, disputa para a qual arduamente se empenhou, tanto que foi eleito deputado federal nas Eleições de 2022", diz.

"Carece de razoabilidade a afirmação de que uma pessoa que acabara de ser eleita deputado federal, após tanto esforço e dispêndio de recursos materiais e pessoais em acirrada disputa eleitoral, fosse capaz de atentar contra os “poderes constitucionais”, alega a defesa.

De acordo com a defesa, Ramagem não participou dos atos do 8 de Janeiro de 2023 e "assistiu consternado aos eventos ocorridos na capital federal".

"Alexandre Ramagem Rodrigues assistiu consternado aos eventos
ocorridos na Capital Federal no dia 8 de janeiro de 2023. E é importante ressaltar: com especial consternação, pois a Casa para a qual tanto lutou para democraticamente pertencer, era vítima do descontrole de pessoas que por certo não tinham a dimensão da gravidade dos atos que praticavam", afirma o documento.

O ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 15 dias para as defesas responderem à denúncia da PGR. No total, são 34 denunciados pela PGR, entre eles, Alexandre Ramagem. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o então chefe da Abin teria integrado o núcleo essencial da alegada organização criminosa e atuado na construção das mensagens que aram a ser difundidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a denúncia, Bolsonaro contou com o auxílio direto do chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, e de Alexandre Ramagem para a disseminação de notícias falsas para desacreditar as urnas eletrônicas.

"As investigações revelaram o importante papel dos dois denunciados na construção e direcionamento das mensagens que aram a ser difundidas em larga escala pelo então Presidente da República a partir do dia 29.7.2021", citou Gonet.

Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto são apontados como líderes da suposta organização criminosa que planejou impedir a posse do presidente Lula em 2023.