BRASÍLIA – O brigadeiro e ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou nesta quarta-feira (21) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alertado pelo então comandante do Exército Freire Gomes de que seria preso pelas Forças Armadas caso tentasse dar um golpe de Estado para se perpetuar no poder em 2023.
Em depoimento no inquérito do golpe de Estado envolvendo os réus do chamado “núcleo 1”, do qual Bolsonaro e sete aliados fazem parte, Baptista Júnior negou que o general Freire Gomes tenha dado voz de prisão a Bolsonaro durante a reunião, mas garantiu que uma dura advertência foi dada caso houvesse uma ruptura democrática no país.
“O general Freire Gomes é polido e educado, mas muito firme quando precisa. E avisou ao ex-presidente: 'se o senhor tentar impedir a posse do presidente eleito, irei prendê-lo”, afirmou. Questionado sobre o tom empregado pelo general na conversa, Baptista Júnior reforçou a imposição do recado. “Não é algo que se esquece ao ouvir o comandante do Exército dizer”.
Diferente de Freire Gomes, que em depoimento ao STF na segunda-feira (19) tentou poupar o general Garnier do apoio ao plano de golpe de Estado em 2022, o brigadeiro Baptista Júnior apontou a participação do então comandante da Marinha na proposta de intervenção militar de Bolsonaro.
De acordo com o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Garnier foi a única das três lideranças das Forças Armadas a "colocar à tropa à disposição" de Bolsonaro, caso fosse necessário.
Ao ser questionado pela defesa do general se ele não teria "se colocado" à disposição da Presidência da República", Baptista rebateu. “Eu não fiquei sabendo à toa que a Marinha tinha 14 mil fuzileiros, doutor”, rebateu.