BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), depõe nesta segunda-feira (2) à Polícia Federal (PF) no inquérito que apura atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos. Lindbergh, que é autor da representação que gerou um inquérito contra Eduardo, deve prestar esclarecimentos às 15h.

A denúncia do líder motivou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado licenciado, e o inquérito foi aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última segunda-feira (26). 

Lindbergh argumentou que Eduardo está nos EUA em busca de medidas de ameaça e intimidação contra integrantes do STF, da PGR e PF que conduzem tanto as investigações, quanto ações contra sua família. “O STF realiza julgamento sobre golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, cujo principal réu é o pai do deputado, o ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou.  

O deputado contou que reuniu registros de publicações feitas por Eduardo nas redes sociais com declarações “frontalmente contrárias aos interesses nacionais, ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes”.  

“Eduardo Bolsonaro, ao espalhar mentiras sobre as instituições brasileiras e a democracia no País, pratica coação no curso do processo contra o STF durante o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Ele está usando uma potência estrangeira para tentar proteger seu pai, numa flagrante atitude de atentar contra a soberania nacional”, frisou. 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi convocado para depor à PF e terá que comparecer na quinta-feira (5). O ex-presidente, que é réu na ação da suposta trama golpista, deve prestar esclarecimentos sobre a atuação de seu filho e sobre a informação de que paga as despesas para que Eduardo permaneça nos EUA. 

Eduardo Bolsonaro se licenciou do mandato em março deste ano e anunciou, por meio de suas redes sociais, que aria a morar nos Estados Unidos para uma atuação contra o que considera uma espécie de “perseguição política” contra seu pai.  

O pedido de inquérito pela PGR cita declarações públicas e publicações do deputado licenciado nas redes sociais, em que declara explicitamente a busca por sanções, pelo governo Trump, contra autoridades brasileiras. As punições articuladas miram, por exemplo, a cassação de visto de entrada nos EUA, o bloqueio de bens e valores e a proibição de relações comerciais no país norte-americano. 

"Há um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na ação penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação", alegou o PGR Paulo Gonet. 

Na quarta-feira (28), o Departamento de Estado dos EUA anunciou que vai restringir o o aos Estados Unidos de estrangeiros que o governo considera como responsáveis por censurar empresas ou cidadãos americanos. As sanções podem ser estendidas aos familiares. 

Em um post no X, Eduardo reagiu à abertura de inquérito e publicou: “Antes eu era chacota, hoje sou ameaça à democracia. Nos subestimaram e só recentemente acordaram para a gravidade das consequências – por isso estão batendo cabeça. Hoje o PGR deu mais um tiro no pé e confirmou o que sempre alertei: Brasil vive num Estado de exceção. E ainda botam mais pressão para Moraes e cia. serem sancionados”.