Em meio à guerra judicial entre o Executivo e o Legislativo, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV), subiu o tom nas críticas à postura do governador Romeu Zema (Novo). Patrus concedeu entrevista, nesta sexta-feira (17), ao Café com Política, do Super N, na Rádio Super 91,7 FM. O Governo pleiteia junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a suspensão da liminar responsável por garantir a aprovação do projeto de lei que congela a base de cálculo do IPVA 2022.
Patrus pediu a Zema que desista das ações judiciais. “Afinal, governador, o que o senhor quer? O que o senhor deseja? O senhor, como governador de Minas, mais do que um gerente de uma loja, tem que ser alguém que seja líder, que tome decisões. Enviar à Assembleia um projeto e depois voltar atrás, prejudicando a população de Minas, é muito feio. (...) Por que o senhor manda um projeto para a Assembleia e depois volta atrás? Por quê? Será que o boleto (de IPVA) que vai chegar na casa dos mineiros vai ter 30% de aumento em relação ao ano ado?”, questiona.
O projeto de lei encaminhado pelo Palácio Tiradentes à Casa propunha limitar o reajuste do IPVA 2022 ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou seja, à inflação. Assim, o tributo teria correção máxima de 10,6% em vez de 22,8%, percentual do aumento do valor dos veículos a partir da tabela FIPE. Conforme o presidente da ALMG, Zema não lhe chamou para dialogar a respeito da proposta do Executivo. “O governador, infelizmente, acha que está tocando a sua loja. Aí, ele dá as ordens e todos têm que obedecer. O governador não está disposto a discutir, a ser democrático, a conversar com as pessoas”, critica. No fim, o projeto aprovado foi aquele do deputado Bruno Engler (PRTB) já em tramitação. A matéria congela a base de cálculo do IPVA 2022 aos níveis de 2020.
Patrus lembrou que, à época da discussão da reforma da Previdência, a Casa recebeu secretários do Estado e o próprio governador. “Por que a mudança de posicionamento? Por que agir desta forma? Me parece, até pela amizade que ele tem com o Bolsonaro, pelo tanto que ele ira o Bolsonaro, que ele se acha um Bolsonaro de Minas. Que ele pode brigar, xingar e fazer o que bem entende. Eu sei que o governador vai estar junto com o Bolsonaro na campanha. (...) Mas não é assim que a gente leva a política adiante. Minas é do consenso”, afirma.
O deputado é cotado para ser o candidato a vice-governador na chapa do prefeito Alexandre Kalil (PSD) para a corrida pelo Governo de Minas em 2022. Até o momento, conforme as pesquisas DATATEMPO de intenções de voto, Kalil é o principal adversário de Zema. Questionado, Patrus responde que não há interesses eleitorais por trás do cabo de guerra. “Não estamos aqui pensando em eleição. As eleições ainda demoram nove, dez meses. Existe o cuidado com a população. Ninguém falou que ela politicagem quando aprovar o auxílio emergencial para as pessoas pobres do nosso Estado – e não são poucas, são 1,1 milhão de famílias”, rebate.