INTERESSA

Filho não é mercadoria

Casais idealizam filho adotivo como se estivessem comprando um item de catálogo, escolhendo cor, idade e perfil

Você idealizaria seu filho biológico antes mesmo de conhecê-lo? Na adoção, muitos tentam - e é aí que mora o problema. No Interessa de hoje, a gente fala sobre adoção sem romantismo, mas com muito amor. E sem medo de encarar a realidade.

Por Renata Zacaroni
Publicado em 27 de maio de 2025 | 16:15

Muitos casais idealizam um filho adotivo como se estivessem comprando um item de catálogo - cor, idade, perfil. Mas filho não é produto. Quando uma mulher engravida, ela não escolhe: o que vem, ela ama. Na adoção, deveria ser igual.

No Brasil, ainda temos uma cultura que mistura amor com posse. Só que, assim como um filho biológico não será sua cópia, um filho adotivo também não será. Ele não vem pra preencher expectativas. Ele vem com história, personalidade, e principalmente: vem pronto - em especial, para ser amado.

Existe até um nome pra esse medo ou preconceito que ronda o tema: adotofobia. É a insegurança de não se conectar, o receio do julgamento, o medo do "e se não der certo?". Mas dar certo, no fundo, é sobre vínculo, e isso não se mede no berçário, nem no cartório. Se constrói com afeto e presença.