O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou, nesta quarta-feira (6), que o Ministério da Fazenda irá apresentar, até o final de março, um “aperfeiçoamento” da proposta de um novo Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que está em análise da pasta. A dívida do Estado foi tema de reunião do governador com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília.
“É necessário rever essa questão do indexador que é utilizado da forma de quitação. Levar em conta a capacidade de pagamento de cada Estado”, destacou Zema em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
Questionado se concorda com a federalização de companhias estatais mineiras para solucionar a questão, o governador disse apenas que é favorável a qualquer medida que possa “equacionar a dívida de Minas Gerais”. A proposta foi apresentada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como uma alternativa ao que já foi debatido pelos governos estadual e federal.
Zema ainda detalhou que a Fazenda, junto ao governo de Minas Gerais, poderá pedir, no Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação do prazo para voltar a pagar as parcelas da dívida caso ocorra a avaliação de que o prazo de 20 de abril não será suficiente para a retomada da quitação dos valores.
"O ministro já deixou claro que ele irá juntamente com o governo de Minas Gerais solicitar a prorrogação do prazo no Supremo Tribunal Federal, caso ele chegue à conclusão de que esse prazo de 20 de abril não é suficiente. Talvez essas alterações tenham de ar pelo Congresso e levem o tempo maior. Então, tudo isso está muito bem alinhado", explicou.
Participaram do encontro os ministros: da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O encontro teve duração de pouco mais de uma hora.
A jornalistas, Zema descreveu a reunião como "muito produtiva" e "muito boa". "Eu fico muito agradecido ao presidente Lula, aos ministros [presentes na reunião]. Tratamos da dívida de Minas Gerais, e o ministro Haddad falou que o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda apresentarão proposta de aperfeiçoamento do Regime de Recuperação Fiscal (RRF)", ressaltou.
A hipótese de um novo pedido de prorrogação do prazo do fim da carência da dívida já era discutida em Brasília desde o fim de 2023 em razão da complexidade das discussões. Em um café com jornalistas em dezembro, Pacheco sinalizou que, caso houvesse a anuência da Advocacia Geral do Estado, a Advocacia Geral da União poderia pedir a ampliação ao STF.
Especialistas chegaram a projetar que a federalização de Cemig, Copasa e Codemig, que exigiria diligências, precificações e, ainda, uma manifestação do Tribunal de Contas, poderia se estender por até dois anos. A transferência do controle delas para a União foi sugerida pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para abater parte da dívida.
O governador também comentou sobre sua participação no recente ato ocorrido na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e negou qualquer indisposição com Lula durante o encontro.
Ele chegou às 17h20, 20 minutos após o horário combinado de 17h, devido a um imprevisto causado pela queda do avião da Polícia Federal no aeroporto da Pampulha. O acidente resultou na morte de dois homens e deixou uma terceira vítima gravemente ferida.
A agenda só começou às 18h20. O encontro foi articulado por Pacheco. No entanto, o presidente do Senado não participou da reunião.
Durante o encontro, foi abordada também a repactuação do acordo relacionado ao rompimento da barragem da Mina do Fundão, em Mariana.
"A outra questão que foi tratada foi o acordo da tragédia de Mariana, e agora que nós queremos uma posição da empresa, que parece estar vivendo um clima de indefinição de quem será o próximo presidente. Fazemos questão de que os atingidos tenham ressarcimento, como foi feito em Brumadinho", completou Zema.
Na semana ada, Zema formalizou um pedido de agenda com Lula para discutir a renegociação da dívida estadual, que soma cerca de R$ 162 bilhões, com a União, além da repactuação do acordo de Mariana.
O pedido de encontro, que já havia sido feito em janeiro, foi reiterado em novo ofício enviado ao gabinete da presidência da República. Na ocasião, o governador declarou que é de "conhecimento mútuo a importância de um diálogo franco e construtivo entre os entes federativos para a resolução de questões de interesse coletivo".
Zema estava acompanhado por uma delegação representativa de Minas Gerais, incluindo o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Leite (MDB), a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luisa Barreto, o secretário de Estado Gustavo Valadares, o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, e o secretário da Fazenda, Luiz Claudio.
Atualmente, o Executivo está analisando a alternativa de aderir ao RRF proposta pelo presidente do Congresso Nacional e autor da proposta alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal, Rodrigo Pacheco, após a obtenção de um parecer do Ministério da Fazenda, previsto para 31 de março.
Além disso, Pacheco sugeriu que créditos da União com Minas, como a compensação da Lei Kandir e a parcela referente à repactuação de Mariana, sejam utilizados para abater parte da dívida estadual.