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Lira quer articular sucessão da Câmara em agosto e busca 'perfil que se encaixa melhor'
O presidente criticou movimentações antecipadas de candidatos: 'vão acumular mais desgaste do que benefícios, porque todo mundo que está no sol pega queimadura'

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), confirmou que pretende articular a sucessão do comando da Casa legislativa em agosto, na volta do recesso do Congresso Nacional. A eleição para o comando da Câmara será em fevereiro de 2025.
A intenção dele é “organizar” a disputa antes das eleições de outubro “não pensando em um nome, mas na manutenção de tudo que o Legislativo conquistou, da posição que ocupa, da maneira como funciona”. As falas foram dadas em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira (18).
“Vamos ter uma eleição [municipal] e agosto é um período de ainda não estar no calor. Depois, vamos todos para a eleição e, quando voltar em outubro, já entra no ritmo normal de votação. Se tiver resolvido, bem. Se não tiver, é aquela campanha de eleição do presidente da Câmara. É um período adequado para se corrigir rumos, para se medir se tem e resolver”, disse.
Lira afirmou ainda que pretende articular “um perfil, com quem se encaixar melhor” na continuação dos trabalhos, e não uma pessoa específica. “Eu não quero aqui ter a presunção de que o nome apoiado por mim vai ser o ganhador, porque não é assim que as coisas funcionam".
"O que eu tenho vontade de fazer é agora, em agosto, a gente arrumar essa situação na Câmara para que não fiquem três ou quatro candidatos do mesmo bloco, do mesmo grupo, disputando entre si uma coisa que pode ser insana para qualquer um ou para a Casa”.
“O candidato do Senado tem quatro anos que está escolhido. Por isso, [na Câmara] não seria um ano atrás e também não será novembro ou dezembro. Agosto é apropriado”, completou.
O presidente da Câmara afirmou que não iria “especular” em torno da defesa por uma candidatura única. "Eu só estou dizendo o seguinte: se eu puder ajudar para que a gente escolha um perfil que adeque-se à realidade da Casa, por tudo que aconteceu nos últimos anos, esse perfil será escolhido. Tem muita gente interessada que tudo dê certo”, disse.
“O governo precisa de tranquilidade para governar, a Câmara precisa de previsão para funcionar e a gente vai trabalhar em torno disso. A função é procurar consenso. Nós não temos três ou quatro vagas de presidente da Câmara, nós só temos uma. Ou vai ser polarizada, ou vai ser debatida, ou vai ser acordada. De uma maneira vai ser resolvida”, completou.
Ainda na entrevista, Lira apontou que “sempre disse” que movimentações antecipadas de candidatos não dariam certo, "que as pessoas vão acumular mais desgaste do que benefícios, porque todo mundo que está no sol pega queimadura”. “Não trouxe nenhum benefício. Ninguém está na frente de ninguém, não tem nada decidido, não tem nada arrumado”, frisou.
Relação com o governo Lula
Lira também comentou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem “zero de problema” na relação com a Câmara, mesmo após uma série de tensões inflamadas pelo diálogo com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Isso, segundo ele, “dentro do que é possível fazer para melhorar o ambiente de negócio, melhorar a economia, melhorar os projetos e os projetos prioritários do governo”.
Lira disse ter uma “relação muito boa” com Lula, com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e “com os ministros na sua expressiva maioria”, assim como com o PT e os partidos dos diferentes campos políticos.
“Um problema pontual que eu registrei com um deles é porque eu não entendia por que o presidente da Câmara, que sempre ajudou, estava apanhando com mentiras, com versões, com ilações. Isso é um fato ado. Cada um cumpre o seu papel. O nosso aqui a gente cumpre com absoluta isenção e a gente não terceiriza os problemas para além disso”, explicou ao Valor.
“O governo entendeu, acho que resolveu o problema e as notícias pararam. De lá para cá não tivemos mais nenhum tipo de problema e era só o que eu queria. Eu não quero atrapalhar nem prejudicar ninguém, mas não dá para que a gente cumpra o nosso papel com muita correção e esteja rebatendo notícia falsa e ilação todo dia. [...] A Câmara está de recesso com a cabeça tranquila, consciência limpinha. Entregou tudo até agora”, finalizou.