SUCESSÃO

Lira anuncia apoio a Hugo Motta na disputa pela presidência da Câmara durante encontro com líderes

Com a escolha, Lira escanteia seu até então favorito para a eleição, o líder do União Brasil e aliado próximo, Elmar Nascimento (BA)

Por Lara Alves
Atualizado em 11 de setembro de 2024 | 16:14

BRASÍLIA - O presidente Arthur Lira (PP-AL) anunciou, nesta quarta-feira (11), durante um almoço com os líderes partidários da Câmara dos Deputados, que apoiará a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB) para sucedê-lo no Legislativo. A informação foi confirmada pelo líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG).

Com a escolha, Lira escanteia seu até então preferido, o líder do União Brasil na Casa, Elmar Nascimento (BA). Membros do partido, inclusive, já falam que o presidente da Câmara traiu o deputado baiano e que Elmar permanecerá na disputa. 

Pelas redes sociais, Odair Cunha disse que Lira apontou o deputado o líder do Republicanos como um nome qualificado para a construção da unidade na Casa. Ele ainda defendeu a necessidade de consenso em torno de um único nome para evitar disputas secundárias.

“Quanto menos disputas secundárias, melhor será para os interesses do Brasil. O importante é a união em torno da aprovação de projetos relevantes que busquem o desenvolvimento sustentável e beneficiem de forma ampla toda sociedade brasileira”, escreveu o petista.

Odair ainda completou que o nome de Motta ará pelo crivo da bancada do PT. Contudo, o líder do Republicanos já recebeu o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo o deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Hugo Motta publicou, na tarde desta quarta-feira, um registro do encontro na Residência Oficial da Câmara. Ele não cita que foi o escolhido por Lira para a disputa pela sucessão da Casa, e declara apenas que o almoço ocorreu no dia do aniversário dele.

“Recebendo o abraço do presidente Arthur Lira e de amigos líderes no dia do meu aniversário. Relações de confiança, diálogo, lealdade e muitas lutas diárias. Construir amizades e parcerias verdadeiras é um compromisso que tenho, olhar no olho, dialogar em harmonia e em prol do Brasil”.

As reviravoltas que antecederam indicação de Lira 

Amigo e aliado de Lira, Elmar Nascimento atravessou os últimos nove meses, pelo menos, sendo tratado como o favorito do presidente da Câmara para a eleição que acontecerá em fevereiro. Em seu segundo mandato, Lira não pode se reeleger e, portanto, articulava para um aliado ser eleito, mantendo a força política que exerce sobre a Casa. 

No início de agosto, Lira indicou a interlocutores que informaria, publicamente, o nome de seu escolhido para a sucessão até o encerramento daquele mês. A promessa não foi cumprida. Após reuniões e encontros longe de Brasília, Lira optou pelo silêncio e adiou a definição. 

Nesse ínterim, na terça-feira ada (3), o também candidato à presidência, Marcos Pereira (Republicanos-SP), decidiu sair da disputa e declarou apoio ao correligionário Hugo Motta (Republicanos-PB). O gesto bagunçou o tabuleiro da disputa e retirou o favoritismo de Elmar Nascimento. Motta reúne em torno de si o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI). 

Ele também é benquisto pela bancada do PL, liderada por Altineu Côrtes (PL-SP), e tem feito acenos à oposição para pavimentar o apoio desses deputados à candidatura dele. Os votos do PL são tratados como primordiais para a definição da disputa, já que esses deputados têm a maior bancada da Câmara — eles são 93 dos 513 parlamentares. Com a definição de Lira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, devem confirmar o apoio da sigla a Hugo Motta. 

O abandono de Lira impactou Elmar, que, apesar de acumular conflitos de posições com o governo e ter declarado apoio aberto a Bolsonaro na última eleição, decidiu procurar o Planalto para minimizar a rejeição à própria candidatura. Elmar esteve com o ministro da articulação política do governo, Alexandre Padilha, nessa terça-feira (10). Ele é respaldado ainda pelos ministros Celso Sabino, do Turismo, e Juscelino Filho, das Comunicações, que cumprem a cota do União Brasil na Esplanada dos Ministérios. 

Em uma tentativa de ressuscitar o próprio nome na disputa, Elmar se uniu ao também candidato Antonio Brito (PSD-BA). Os dois acordaram que aquele que melhor se posicionar na disputa nos próximos meses continuará como candidato; o outro desistirá para apoiá-lo. Nesse acordo estão previstas trocas de favores e de cargos: um partido prometendo à outra lugar na mesa diretora da Casa.