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Líder da oposição exclui deputados de reunião com Bolsonaro e gera mal-estar
O gesto logo após a denúncia da PGR contra Bolsonaro gerou uma série de questionamentos a Zucco, que evitou até atender ligações dos que não foram convidados

BRASÍLIA - A reunião de Jair Bolsonaro (PL) com deputados da oposição nesta quarta-feira (19), um dia depois de ser denunciado por golpe de Estado, foi restrita a um grupo pequeno e excluiu parte da ala que atua na defesa política mais radical do ex-presidente. A situação causou um mal-estar na bancada.
A culpa caiu sobre o líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), que marcou o encontro no apartamento funcional em que mora, em Brasília. Reservadamente, um deputado do PL que defende Bolsonaro afirmou que “a maioria” da bancada soube da reunião pela imprensa.
“Ele [Zucco] fez uma a de meia dúzia de deputados mais proximos dele para esse encontro e excluiu muitos outros que se empenham na oposição”, reclamou.
A exclusão gerou uma série de questionamentos a Zucco presencialmente na liderança da oposição e também por telefone. Alguns deputados tentaram insistentemente ligar para o líder, mas sequer foram atendidos.
O gesto incomodou justamente pelo momento, que é de traçar estratégias para minimizar o peso da denúncia de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado para se manter no poder depois da derrota nas eleições de 2022.
A avaliação é que, sem a participação da ala ideológica aliada a Bolsonaro, esse esforço perde parte do sentido. Isso porque o grupo é o que mais se expõe na defesa do ex-presidente.
Zucco assumiu a liderança da oposição na Câmara em dezembro, mas logo o Congresso Nacional entrou em recesso. Os trabalhos foram retornados há menos de um mês, em 1º de fevereiro.
Antes disso, “ninguém tinha uma referência do que [ele] seria”, disse o mesmo deputado sobre a atitude que causa uma minicrise de divisão interna.
Entre os presentes na reunião convocada por Zucco estavam o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e os deputados Altineu Côrtes (PL-RJ, vice-presidente da Câmara), Nikolas Ferreira (PL-MG), Domingos Sávio (PL-MG), Carlos Jordy (PL-RJ), Caroline de Toni (PL-SC), Zé Trovão (PL-SC), Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Coronel Meira (PL-PE), Gustavo Gayer (PL-GO), Sargento Fahur (PSD-PR) e Osmar Terra (MDB-RS).
Também compareceram o ex-ministro do governo Bolsonaro Gilson Machado e um dos filhos do ex-presidente, o vereador de Balneário Camboriú (SC) Jair Renan Bolsonaro. O ex-presidente entrou e deixou o prédio pela garagem, sem falar com a imprensa.
Na terça-feira (18), Bolsonaro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-presidente foi apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que operou no país para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o êxito na última eleição presidencial.
Os crimes apontados a ele são organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
Integrantes da oposição afirmam que a reunião já estava marcada e não foi motivada pela denúncia, apesar de ter sido a primeira convocada depois da decisão da PGR. Além disso, o encontro foi sigiloso aos deputados convidados, com a retirada do local de assessores presentes.
Publicamente, a bancada alega que o encontro com Bolsonaro foi sobre o projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A oposição tenta reunir votos para pedir ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a inclusão na pauta de um pedido de urgência, que coloca o texto em prioridade de votação.
Jordy afirmou que, na reunião, foram debatidas “estratégias”, mas não revelou sobre qual assunto. Ele também contou que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que embasou a investigação contra Bolsonaro, não foi tratada no encontro. O sigilo da delação foi retirada na manhã desta quarta-feira.