BRASÍLIA — A Câmara dos Deputados instalará neste início de março as comissões permanentes. A articulação para distribuí-las entre os partidos ganhou fôlego ainda no início do Ano Legislativo, e o presidente, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou ao colégio de líderes que iria instalar os colegiados após o recesso do Carnaval — que deverá manter a Câmara deserta até 11 de março.
As trinta comissões permanentes são distribuídas a partir de um acordo entre os partidos, e as legendas com maiores bancadas herdam os melhores cargos — mantendo a rotatividade a cada ano. O principal colegiado da Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), é disputada em 2025 por União Brasil e MDB. A relatoria-geral do Orçamento, neste ano, também é cobiçada pelo partido do líder Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA).
A Comissão de Minas e Energia será entregue, a princípio, ao PSD, que indicará o deputado Diego Andrade (MG) para a presidência. O PL, sigla com maior número de parlamentares na Câmara dos Deputados, deverá ter em mãos a Comissão da Saúde — o colegiado é estratégico porque detém o maior orçamento de emendas parlamentares entre as comissões.
Mas, a prioridade do PL é garantir a presidência da Comissão de Relações Exteriores, que o partido pretende entregar ao deputado Eduardo Bolsonaro (SP). A análise é que a posição facilitará o trânsito do parlamentar entre políticos de direita no cenário internacional, como ele tem feito nos últimos anos.
Representante do pai, Eduardo é quem lidera uma ofensiva da oposição nos Estados Unidos à caça de apoio para Jair Bolsonaro (PL) diante das ações que ele enfrenta na Justiça brasileira.
Hoje, Eduardo é o centro de uma polêmica com a bancada governista, que deseja barrá-lo na presidência da comissão — e que apresentou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de apreensão do aporte de Eduardo e uma notícia-crime contra ele por 'ataques à soberania nacional'.