pleito presidencial

Lula diz que vitória de Kamala na eleição dos EUA é caminho ‘mais seguro’ para a democracia

Em entrevista a canal de TV francês, presidente comentou sobre G20 e eleições nos EUA 

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 01 de novembro de 2024 | 19:02

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (1º) que uma vitória da candidata Kamala Harris na eleição presidencial dos Estados Unidos significa um resultado "mais seguro para fortalecer a democracia". A declaração foi dada durante entrevista ao canal de televisão francês TF1. 

"Eu acho que com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia, é muito mais seguro. Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do seu mandato fazendo aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos Estados Unidos, porque os Estados Unidos se apresentavam ao mundo como um modelo de democracia. E esse modelo ruiu", disse. 

Lula disse que não podia dar palpite sobre as eleições em outros países, o que seria uma “ingerência indevida”, mas que torce por uma vitória democrata por ser "um amante da democracia". 

“Eu sou amante da democracia. Acho que a democracia é o melhor sistema de governo que a humanidade conseguiu construir. Somente na democracia um torneiro mecânico como eu poderia se tornar presidente da República por três mandatos”, disse. 

"Nós, agora, temos o ódio destilado todo santo dia. Temos as mentiras destiladas todo santo dia. Não apenas nos Estados Unidos, mas na Europa, na América Latina, em vários países no mundo. É o nazismo e o fascismo voltando a funcionar com outra cara. E como eu sou amante da democracia, acho a democracia a coisa mais sagrada que nós conseguimos construir para bem governar os nossos países, eu, obviamente, fico torcendo para a Kamala ganhar as eleições", acrescentou. 

A eleição norte-americana começa oficialmente na próxima terça-feira (5). Kamala Harris, do Partido Democrata, atual vice-presidente de Joe Biden, disputa a Casa Branca com o ex-presidente Donald Trump, do Partido Republicanos. 

Lula defenderá taxação dos super-ricos no G20 

O presidente Lula defendeu mais uma vez o projeto de taxação dos super-ricos para acabar com a fome no mundo, durante entrevista ao canal de televisão francês TF1.  

Lula foi questionado sobre os principais pontos que serão tratados durante a Cúpula do G20, grupo das maiores economias do mundo, que ocorre entre os dias 14 e 19 de novembro. O texto final da proposta deve ser apresentado pelo governo brasileiro no G20. 

“Nós temos 3 mil pessoas no mundo que detém uma fortuna de US$ 15 trilhões. Não é possível que a gente não tenha competência de fazer com que essas pessoas paguem um tributo para que a gente possa acabar com a fome e com outras mazelas que hoje persistem na humanidade”. 

“Nós estamos propondo uma tributação dos muito ricos, de 2%. Se essa tributação acontecer, a gente pode arrecadar de 250 a 300 bilhões de dólares”, detalhou o presidente.  

Na entrevista, o petista alegou também que o “mundo precisa de paz” para que o mundo seja mais igualitário e criticou os gastos com armamentos. 

“Hoje nós temos uma quantidade de conflitos entre nações que é o maior desde a Segunda Guerra Mundial. E toda experiência do mundo demonstra que quando as nações estão em paz, as economias crescem”. 

“Nós estamos fazendo um G20 em que a gente está discutindo como principal uma Aliança Global contra fome e a pobreza. Não existe mais explicação para que você tenha 733 milhões de pessoas no mundo ando fome, quando o mundo é autossuficiente na produção de alimentos”. 

“Ao mesmo tempo em que você tem essa quantidade de pessoas ando fome, você tem um gasto com armas e com guerras muito poderosas. Foram gastos 2 trilhões e 400 milhões de dólares em guerras”, acrescentou. 

Outro ponto defendido pelo presidente brasileiro que será discutido no G20 é a transição energética. Segundo ele, o Brasil tem 90% da energia limpa, contra 15% do mundo. Lula cobrou ainda mudanças nos bancos de fomento e reforma na ONU (Organização das Nações Unidas). Esses temas já foram abordados pelo petista em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU