BRASÍLIA – O governo federal apresentou nesta terça-feira (4) uma nova Medida Provisória para compensar a manutenção da desoneração da folha salarial de 17 setores da economia e prefeituras até 2027. A continuidade do benefício custará R$ 26,3 bilhões em 2024, sendo R$ 15,8 bilhões em relação às empresas e R$ 10,5 bilhões por meio dos municípios.
As medidas de compensação estão na chamada “Medida Provisória do equilíbrio fiscal”. Elas trazem “instrumentos para combater a desarmonia sobre as contas públicas e seguem a política de reduzir distorções que afetam estados e municípios, promovendo a justiça tributária”, segundo o Ministério da Fazenda. Já para 2024, a MP deve gerar um crédito de R$ 29,2 bilhões, por meio de créditos do PIS/Cofins.
“O Ministério da Fazenda aponta que as normas de compensação anunciadas nesta terça-feira representam fator necessário diante da vigência da desoneração da folha, mas alerta que a proposta não envolve a criação ou a majoração de tributos e está em equilíbrio com o orçamento federal. Também não resultará em prejuízo a contribuintes menores e ao setor produtivo”, ressalta a pasta em nota.
Entenda o que é a desoneração:
Confira abaixo os principais pontos da nova MP:
Correção proposta na MP:
Créditos de PIS/Cofins em geral:
Crédito presumido de PIS/Cofins:
O pacote de medidas de compensação para a renúncia fiscal foi apresentado na manhã desta terça-feira pelo ministro em exercício da Fazenda, Dario Durigan, e pelo secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.
O titular da Fazenda, Fernando Haddad, está em Roma. Na agenda de compromissos, há uma previsão de encontro com o Papa Francisco. O tema será a proposta de taxar os super-ricos, apresentada pelo Brasil, que ocupa a presidência do G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana).
Na segunda-feira (3), o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é o articulador político do Palácio do Planalto, disse que, após a Fazenda apresentar as compensações, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), deve protocolar ainda nesta semana o relatório do projeto de lei que trata da desoneração.
Padilha deu a informação após participar de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os líderes do governo no Congresso. Também esteve presente Dario Durigan. Lula, que era contra a desoneração, recuou após ser dada como certa uma derrota no Congresso caso insistisse na apresentação de uma nova MP para reonerar a folha. Em dezembro, o Congresso derrubou, por ampla maioria, o veto de Lula ao projeto que prorroga a desoneração.
Jaques Wagner é o relator da proposta que incorporou o acordo feito entre o Executivo e o Congresso para manter neste ano os benefícios. Pelo entendimento fechado entre os Poderes, os incentivos acabarão gradualmente nos próximos anos, mas é preciso apresentar medidas compensatórias, como as apresentadas na manhã desta terça-feira.