BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou, nesta sexta-feira (26), que não vai dar trégua às críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e voltou a questioná-lo durante evento no Palácio do Planalto.

"Esses dias o presidente do Banco Central deu uma declaração para imprensa que não quis acreditar. O cidadão, jovem, bem sucedido na vida diz o seguinte: esse negócio de aumento do salário mínimo e massa salarial crescendo pode gerar inflação. Significa que, para não ter inflação, o povo precisa ganhar pouco? Será que essa pessoa não tem respeito?".

“Será que as pessoas pensam que alguém ganha um salário mínimo porque quer ganhar um salário mínimo? Será que alguém pensa que o pessoal é pobre porque quer ser pobre? Não. Não. Deu oportunidade a um pobre como o povo deu a esse pernambucano aqui que ele vira presidente da República”, afirmou Lula. 

Indicado por Jair Bolsonaro (PL), o mandato do presidente do Banco Central termina em 31 de dezembro. O petista acusa Campos Neto de adotar uma postura política e agir contra o governo federal devido à sua proximidade com o ex-presidente. Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC, é o nome mais cogitado para ser indicado por Lula para o lugar de Campos Neto.

A declaração ocorreu no Palácio do Planalto durante anúncio de R$ 41,7 bilhões de investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nas áreas de transporte, prevenção a desastres, esgotamento, abastecimento de água e infraestrutura social nas cidades.

Segundo o governo federal, foram aprovados nesta etapa 899 empreendimentos em 27 estados e 710 municípios. Segundo a assessoria de comunicação da Presidência da República, todos os governadores de estados do país foram convidados para o evento nesta sexta-feira. 

Ausência de governadores também vira alvo de críticas

Roberto Campos Neto não foi o único alvo de críticas no evento desta sexta-feira (26). Durante seu discurso, o presidente Lula fez críticas, sem mencionar nomes, à ausência de governadores em eventos do governo federal com a presença do petista. Lula atribuiu essas ausências à proximidade dos gestores com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Alguns não têm comparecido. Possivelmente ainda pela imagem negativista de um presidente da República que só viajava para o Estado que ele gostava. Só viajava para atender amigos e não dava importância para aqueles que pensassem diferente dele. É uma coisa absurda", afirmou o petista.

Lula destacou ainda que sempre convida o governador do estado visitado, independentemente do partido. "Eu, todas às vezes que eu viajo para o Estado, convoco o governador porque eu quero que ele vá, eu quero que ele fale, eu quero que ele diga o que ele tiver que dizer para o povo lá", declarou o presidente.