BRASÍLIA - O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu nesta terça-feira (6) a autonomia do Banco Central (BC) e disse ainda que o governo federal irá conduzir a troca de gestão de Roberto Campos Neto de maneira responsável e sem "arroubo político" para evitar "precificações indevidas no mercado".

Ao comentar sobre a possibilidade de recessão na economia dos Estados Unidos, o número dois do Ministério da Fazenda avaliou que o cenário externo é desafiador e, nesse sentido, defendeu que o Brasil "precisa se proteger". Para isso, ele destacou que as transições políticas e de autoridades monetárias, como a do Banco Central, precisam ser feitas com responsabilidade.

Durigan ainda enfatizou a importância da autonomia do Banco Central para evitar interferências políticas. "Como se protege o Brasil? A gente tem que fazer as transições, seja a transição democrática, com a responsabilidade que foi demonstrada de 2022 para 2023, seja a transição da autoridade monetária também com responsabilidade, sem arroubo político”. 

“Somos a favor da autonomia do Banco Central porque ela garante que não haja oposição política no Banco Central, que haja diálogo técnico e entendimento. Isso é muito importante neste momento do país. Então, do ponto de vista da economia, nós temos que proteger o Brasil, proteger o fiscal do Brasil”, disse durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo.

A posição de Durigan sobre o Banco Central, no entanto, contrasta com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista é crítico da autonomia da autoridade monetária, aprovada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). E enquanto o secretário executivo da Fazenda defende a necessidade de uma transição sem arroubo político, o presidente continua a atacar Roberto Campos Neto.

O número dois do Ministério da Fazenda tem sido o titular da pasta durante as férias do ministro Fernando Haddad. Para a plateia de empresários, Dario Durigan, ainda garantiu que o governo federal não irá abrir mão de cumprir com as regras do arcabouço fiscal, que prevê meta de zerar o déficit fiscal nas contas públicas deste ano. 

“A Fazenda não abre mão de ter o equilíbrio das contas públicas. Gostaríamos de ter feito antes, mas não foi possível. Vamos fazer esse ano, vamos fazer no ano seguinte, mas não abrimos mão. Isso vai dar tranquilidade para o país manter uma taxa de juros mais baixa, gerar empregos, gerar estabilidade, aumentar o fluxo da balança comercial. A gente acredita profundamente nisso e vamos seguir nessa toada”, disse. 

No último mês, o governo federal anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano para cumprir com as regras fiscais em 2024. Todos os ministérios serão afetados com os cortes. Além disso, a equipe econômica revisou o valor de déficit fiscal para R$ 28,8 bilhões, que é o limite da meta estabelecida pelo arcabouço fiscal. 

“A gente sabe dos cuidados, das dificuldades que isso tem, mas é importante que as medidas sejam adotadas com coragem, ainda que isso cause alguma repercussão mais negativa. A gente segue estudando as medidas para equilibrar o gasto público e manter a previsibilidade da despesa dentro do arcabouço fiscal”, completou Durigan.