RELAÇÃO BRASIL-EUA

Lula ainda não foi convidado, e embaixadora em Washington representará Brasil na posse de Trump

Após 'torcida' por Kamala, presidente brasileiro ainda não conversou por telefone com Donald Trump

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 13 de janeiro de 2025 | 18:58

BRASÍLIA - O Brasil será representado na posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos pela embaixadora brasileira em Washington, Maria Luiza Viotti. O evento acontece na próxima segunda-feira (20). 

Até o momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi convidado e também não conversou por telefone com Trump para discutir a relação entre Brasil e EUA. 

Segundo fontes no Itamaraty, o convite foi enviado diretamente à embaixada brasileira em Washington, como protocolo nas cerimônias de posse dos presidentes dos EUA.

No entanto, não é proibido que o presidente eleito convide chefes de Estado. A porta-voz do republicano, Karoline Leavitt, já afirmou que Trump convidou para a posse o presidente chinês Xi Jinping. Outros nomes convidados seriam do presidente da Argentina, Javier Milei, que já disse à imprensa argentina que irá à cerimônia, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

Relação entre Lula e Trump ainda é incógnita

Durante a campanha presidencial nos Estados Unidos, Lula havia declarado apoio à candidata democrata Kamala Harris. Em entrevista, o petista disse que não podia dar palpite sobre as eleições em outros países, o que seria uma “ingerência indevida”, mas que torce por uma vitória democrata por ser "um amante da democracia". Segundo ele, a vitória da candidata Kamala Harris representava um caminho mais "seguro para fortalecer a democracia".  

"Eu acho que com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia, é muito mais seguro. Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do seu mandato fazendo aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos Estados Unidos, porque os Estados Unidos se apresentavam ao mundo como um modelo de democracia. E esse modelo ruiu", disse. 

No entanto, após a vitória de Trump, Lula afirmou que espera uma “relação civilizada” com o presidente dos Estados Unidos. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás somente da China. 

Bolsonaro tenta comparecer à posse de Trump

Trump é alinhado ideologicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que defendeu abertamente a reeleição do republicano, em 2020, e não reconheceu imediatamente a vitória do atual presidente, Joe Biden. 

Bolsonaro afirmou que foi convidado para a posse deste segundo mandato de Trump e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) liberação do seu aporte para viajar aos Estados Unidos. 

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que o ex-presidente comprove à Corte que foi formalmente convidado. Em sua decisão, o magistrado destacou a necessidade de “complementação” do pedido.

“Antes de sua análise, porém, há necessidade de complementação probatória, pois o pedido não veio devidamente instruído com os documentos necessários, uma vez que, a mensagem foi enviada para o email do deputado Eduardo Bolsonaro por um endereço não identificado: “[email protected] [email protected]” e sem qualquer horário ou programação do evento a ser realizado (eDoc. 837)”. 

Para sair do Brasil, Bolsonaro precisa de autorização judicial, pois teve o aporte apreendido pela Polícia Federal em fevereiro de 2024. A medida foi tomada em uma operação que investiga suposta organização criminosa que atuou em uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. 

O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal, com mais 39 pessoas, pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.