RODOVIA DA MORTE

Com nova estratégia de comunicação, Lula ganha coro de nomes da bancada mineira nas críticas a Zema

A do contrato de concessão da BR-381 virou um palco de manifestações contra a ausência de Zema em evento histórico para Minas Gerais

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 22 de janeiro de 2025 | 17:07

BRASÍLIA - A estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de partir para o ataque contra o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confirmou a nova fase na comunicação do governo de assumir o controle de narrativas em vez de apenas “apanhar”.  

Além disso, mostrou uma consequência: municiar, além de integrantes do primeiro escalão, outros agentes que podem endossar o discurso. É o caso, por exemplo, de membros da bancada mineira que reforçaram as críticas feitas pelo presidente ao governador.  

Junto a isso, Lula se aproxima de temas de interesses regionais. O plano foi pensado pelo novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Sidônio Palmeira

As críticas a Zema foram em evento oficial, realizado nesta quarta-feira (22), para a do contrato de concessão da BR-381, a “rodovia da morte” em Minas Gerais. Ainda que não seja inédito que alfinetadas fujam do roteiro, o tom sentido foi diferente. 

As primeiras manifestações foram disparadas pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, à ausência de Zema. Em seguida, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, alfinetou o governador pelo estranhamento no tema da dívida dos Estados. Por fim, foi a vez de Lula.  

Com isso, o evento que marcou o fim de uma espera de décadas para que obras de melhoria de uma das piores rodovias do país saíssem do papel, foi transformado em um palco de reações com cutucadas políticas - que depois foram rebatidas por Zema

Parlamentares que estiveram na cerimônia endossaram o tom de Lula contra Zema. “O governador tinha que estar aqui, como nosso maior líder de Minas Gerais, participando e mais do que isso, agradecendo o governo federal”, disse o coordenador da bancada mineira no Congresso Nacional, deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG). 

“Nós temos que levar benefícios da população e não ficar criticando por questões políticas. A eleição é em 2025, não é agora”, acrescentou, lembrando do entrave sobre a dívida dos Estados com a União. 

Faria destacou, ainda, que Zema também “não tem interlocução nenhuma” com a bancada mineira no Congresso, composta por 53 integrantes. “É uma relação muito distante do governador com a bancada mineira e com os políticos, e isso é muito ruim para Minas Gerais. A gente sente a ausência de um verdadeiro político que faça a interlocução com o governo federal, mesmo sendo adversário, em benefício do Estado”. 

Quadro do PT, outro mineiro que deu força às críticas foi o deputado federal Paulo Guedes. “A gente ficou muito triste com a ausência do governador, daqueles que mais cobram. Não é o momento de pensar pequeno, mas de pensar grande. O presidente Lula sempre pensou no país”, afirmou. 

Repercussão

Apesar das críticas, a do contrato de concessão da BR-381 foi comemorada pelos diferentes campos políticos.  

“Será a rodovia da prosperidade, a rodovia que vai não só transportar as pessoas, mas também o desenvolvimento. Por ali se a grande parte do que Minas produz e que o Brasil usa. Ela é importante para o desenvolvimento do país como um todo, e de Minas Gerais nem se fala”, disse Guedes. 

“Eu não tenho dúvida nenhuma de que quando essa obra terminar, vai ser a rodovia da vida. Vai beneficiar as pessoas, que vão poder usar essa rodovia sem riscos, vai dar tranquilidade. Eu tenho certeza de que vai melhorar muito e diminuir muito esses acidentes que hoje acontecem na BR-381”, frisou Faria. 

Pela oposição, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou que o contrato de concessão e o cronograma da obra "chegam com pelo menos 20 anos de atraso em Minas Gerais, mas nós temos que comemorar”.  

“O governo federal pegou um projeto que já estava totalmente delineado do governo anterior e deu sequência. Isso é mostrar o interesse público, na minha opinião. Nós temos hoje um futuro para a BR-381. O que sempre me preocupou é que nós tínhamos apenas promessas”, declarou.