1º DE MAIO

Após fiasco em 2024, Lula evita ato das centrais sindicais e grava vídeo sobre Dia do Trabalhador

O presidente deve permanecer em Brasília nesta quinta-feira (30). Ao longo da semana, Lula foi cobrado por representantes de centrais sindicais por mais empenho nas pautas trabalhistas

Por Ana Paula Ramos
Publicado em 01 de maio de 2025 | 08:00

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu não comparecer ao ato do 1º de Maio, em São Paulo, pela primeira vez neste terceiro mandato, e optou por gravar um vídeo exibido em cadeia de rádio e televisão em todo o país, na véspera do Dia do Trabalhador. Sem compromissos oficiais na agenda, o petista ficará em Brasília. 

Lula será representado nos eventos sindicais pelos ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, e do Trabalho, Luiz Marinho. No ano ado e em 2023, o presidente esteve nos atos conjuntos das centrais sindicais em São Paulo. O mesmo ocorreu em 2022, quando era pré-candidato ao Palácio do Planalto. 

Em entrevista, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, justificou a ausência. Segundo ela, Lula foi chamado para dois encontros com trabalhadores: um em São Paulo e outro em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Como não poderia ir aos dois, “decidiu falar ao povo brasileiro”, segundo a ministra.  

Dessa vez, as centrais sindicais não realizarão um ato unificado, como é feito tradicionalmente na data. Na capital paulista, acontecerá o evento da Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central Sindical de Trabalhadores e Pública. A CUT participará somente como convidada e não como organizadora. 

Para tentar melhorar a presença de público, foi decidido retomar os sorteios de carros. Já o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que é filiado a CUT, fará um evento paralelo, com outros sindicatos locais em São Bernardo do Campo, berço político de Lula. 

No ano ado, o ato de 1º de Maio estava esvaziado. O evento organizado por centrais sindicais em São Paulo com a presença do petista reuniu 1.635 pessoas. Na ocasião, Lula compareceu acompanhado do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP), que era pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

A falta de mobilização levou a uma reprimenda pública no ministro da Secretaria-Geral, responsável por convocar os movimentos sociais. “Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato, e eu disse pra ele: ‘Márcio, o ato tá mal convocado. O ato tá mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar’”, disse ao público. 

Desde então, Márcio Macedo é um dos cotados para deixar o ministério em uma possível reforma ministerial. Gleisi Hoffmann, em entrevista nesta quarta-feira (30), negou que o fiasco do ano ado seja causado por uma falta de comunicação do PT com as bases. 

Pronunciamento do Dia do Trabalhador

Na última terça-feira (29), o presidente se reuniu, no Palácio do Planalto, com os dirigentes das centrais, que entregaram reivindicações da classe trabalhadora. Entre os principais pontos da carta entregue a Lula, estavam o fim da jornada 6×1 e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Os dirigentes cobraram ainda um envolvimento maior do governo para a aprovação dos projetos no Congresso Nacional. E foi justamente sobre esses temas que o presidente abordou na gravação veiculada nesta quarta-feira (30) na cadeia nacional de rádio e televisão. 

"Vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no país, em que o trabalhador e a trabalhadora am seis dias no serviço e têm apenas um dia de descanso. A chamada jornada 6 por 1. Está na hora do Brasil dar esse o, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras".

Em sua fala, Lula também destacou outras medidas consideradas importantes para a classe, como o projeto de lei enviado ao Congresso que isenta o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a redução gradativa para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.