FALTA DE COORDENAÇÃO

Lula critica a imprensa e cobra de ministros alinhamento de discurso

Puxão de orelha de Lula nos auxiliares ocorre na mesma semana em que realizou a primeira reunião ministerial, onde fez cobranças diretas ao alto escalão

Por Manuel Marçal
Publicado em 21 de março de 2024 | 11:27

Ainda preocupado em reverter a queda da popularidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou publicamente, nesta quinta-feira (21), que os ministros de Estado unifiquem os discursos quando divulgarem ações do governo federal e não se concentrem apenas em falar apenas das realizações das pastas que comandam. 

O petista criticou ainda a falta de coordenação com iniciativas que envolvem vários ministérios. “Eu detectei que têm muitas políticas que envolvem muitos ministérios. Quem está tomando conta de cada política? Se tem muita gente tomando conta e não tem um coordenador para assumir a responsabilidade, podemos correr o risco dessas políticas não estarem sendo efetivadas”, declarou durante a cerimônia de lançamento do Plano Juventude Negra, em Ceilândia, no Distrito Federal, que de um pacote de 217 ações, que envolve ação de 18 ministérios.

A cobrança do petista ocorreu na mesma semana em que ele realizou a primeira reunião ministerial de 2024 e cobrou dos auxiliares por um alinhamento nas comunicações para que as ações cheguem de forma mais eficaz na ponta. Ele ainda pediu que o alto escalão viaje mais pelo país para mostrar as ações da União. 

“Se cada um falar apenas só das suas coisas, do seu ministério, não adianta um programa com 18 ministros. Senão vira um programa natimorto, foi anunciado, mas não cumpriu com aquilo que era a obrigação do programa”. O presidente Lula criticou ainda a imprensa. “Se depender da nossa gloriosa imprensa democrática, vocês não saberão do programa”.

Segundo o governo federal,  o Plano Juventude Negra Viva é o maior pacote de políticas públicas para a juventude negra da história do Brasil, com um investimento de mais de R$ 665 milhões. 

O plano envolve ações nas áreas de segurança, educação, saúde, assistência social, esporte e meio ambiente. “O objetivo é construir ações transversais para a redução da violência letal e outras vulnerabilidades sociais que afetam essa parcela da população”, informou o governo por meio de nota. 

Entre as metas para 2026 do plano, está criação de uma bolsa de R$ 500 para jovens negros que façam cursos de capacitação técnica nos Institutos Federais (IFs). O benefício terá duração de um ano.

Petista critica episódios de racismo sofrido pelo jogador Vini Jr na Espanha

Ao discursar, Lula falou ainda sobre o problema do racismo no Brasil; vulnerabilidade social; prisão, violência policial e morte da juventude negra no país. Ele lembrou de um caso que tem repercussão internacional no mundo do esporte. O petista condenou os episódios de racismo sofridos pelo jogador brasileiro Vini Júnior no time Real Madrid, na Espanha, a cada partida de futebol. 

“O jovem Vini Júnir ser acusado, difamado, achincalhado nos estádio da Espanha, que é um país considerado rico, que é um pais civilizado, mas que a questão do racismo parece que ainda não saiu de uma sociedade branca que tem a ideia fixa de que a supremacia de tudo é branca e que negro é cidadão de segunda classe”.

O petista disse ainda que a sociedade brasileira tem dificuldade em reconhecer o racismo estrutural no país e declarou que podemos achar normal e "não podemos assistir apáticos ao extermínio da juventude negra" no Brasil.

“O racismo e suas consequências perversas em que a nossa sociedade resiste tanto em reconhecer, se revela todos os dias nos mais diversos ambientes: nas empresas, na tv, nos espaços de lazer, nos estádios de futebol, nas ruas”, discursou. 

O petista voltou a falar depois do encarceramento dos negros no país. "Não por acaso é preta a cor da maioria dos encarcerados no país. Muitos deles, posteriormente, declarados inocentes, mas para sempre marcados pelo preconceito e pela dor de só quem é vítima reconhece”, discursou. Ele pontuou que isso tudo é resultado de "uma trágica herança de três seculos de escravidão" no Brasil.