INVESTIGAÇÃO

Explosões em Brasília: Carro está em nome de morador de SC que foi candidato a vereador 

Dois fortes estrondos foram ouvidos logo após o fim da sessão no STF. Uma pessoa morreu no meio da Praça dos Três Poderes

Por Renato Alves
Atualizado em 14 de novembro de 2024 | 00:02

BRASÍLIA - Duas fortes explosões foram ouvidas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, por volta das 19h30 desta quarta-feira (13). Elas ocorreram em volta do edifício-sede do Supremo Tribunal Federal (STF), logo após o fim da sessão na Corte.

As explosões ocorreram com pouco mais de um minuto de intervalo. Uma envolveu um carro na via em frente ao anexo IV da Câmara, ao lado do STF. A outra ocorreu no meio da Praça dos Três Poderes, onde fica o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.  

O veículo que explodiu a menos de 500 metros da sede do STF é um Kia Shuma, do município de Rio do Sul (SC). Está registrado no nome de Francisco Wanderley Luiz. Não se sabia, até a mais recente atualização desta reportagem, se é ele a vítima da explosão. 

O homem que morreu vestia um terno e calça verde com estampas de naipes de cartas de baralho e usava um chapéu branco. A vestimenta remete à fantasia do personagem Coringa, vilão das histórias em quadrinhos.

Chaveiro, Francisco tem 59 anos e foi candidato a vereador em Rio do Sul pelo PL em 2020 com o nome de urna Tiu França. Em suas contas nas redes sociais, ele sugeriu, nesta quarta, sobre um atentado a bomba em Brasília.

“Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso… Vocês 4 são VELHOS CEBÔSOS nojentos”, diz um dos textos publicado no Facebook dele.

Em outro post, Francisco fez um alerta, dizendo que o atentado começaria nesta quarta e terminaria no sábado (16). “Cuidado ao abrir gavetas, armários, estantes, depósito de materiais etc. Início: 17h48 do dia 13/11/2024. O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!”

Francisco visitou, meses antes, o STF, e tirou uma selfie no plenário da Corte. “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”, comentou em publicação na rede social, que traz a foto dele em frente às cadeiras dos ministros do Supremo. A visita aconteceu em 24 de agosto.

PF investiga caso com forças do DF

O estrondo forte foi ouvido no Palácio do Planalto e prédios próximos, como o Congresso Nacional, com muita fumaça. As forças de segurança do Distrito Federal tratam o caso como possível atentado.

A Polícia Federal informou, por meio de nota, que também investiga as explosões e um inquérito policial será instaurado para apurar os ataques.

"Foram acionados policiais do Comando de Operações Táticas (COT), do Grupo de Pronta-Intervenção da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, peritos e o Grupo Antibombas da instituição, que estão conduzindo as ações iniciais de segurança e análise do local", diz a nota.

A vítima seria a autora do atentado. Teria morrido ao tentar lançar uma das bombas contra a Estátua da Justiça, em frente a principal entrada do STF. Ela circulou no Anexo IV da Câmara dos Deputados pela manhã. 

No momento das explosões, os ministros do Supremo foram retirados em segurança do prédio, que foi evacuado. “Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança”, diz nota do tribunal. “Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela”, completa.

No momento, muita gente deixava o trabalho. Uma delas, Layana Costa, funcionária do Tribunal de Contas da União (TCU), disse que houve uma primeira explosão e a segurança do STF tentou abordar um homem que estava no local com uma sacola. Em seguida, uma segunda explosão acabou afastando a segurança e uma pessoa foi atingida. Ainda não há informações precisas se a vítima seria o mesmo homem que carregava uma sacola no local.

O  presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não estava no Palácio do Planalto, sede do governo federal, no momento das explosões. O palácio reforçou a segurança após as explosões. Após cerca de uma hora dos estrondos, a sessão da Câmara dos Deputados foi interrompida. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu manter a sessão na noite desta quarta.