EXPLOSÕES EM BSB

PF cita chance de terrorismo em atentado, preparo a longo prazo e conexão com outras investigações

Segundo Andrei Rodrigues, as duas linhas iniciais de investigação são terrorismo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito

Por Lucyenne Landim
Publicado em 14 de novembro de 2024 | 14:42

BRASÍLIA - O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, informou que forças de investigação trabalham com terrorismo como uma das hipóteses iniciais das explosões em Brasília na noite de quarta-feira (13). A outra, de acordo com ele, seria abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Andrei destacou que ainda não sabe as motivações do homem responsável pelo atentando, identificado como Francisco Wanderley Luiz, e não descarta, com isso, que outras linhas de investigação sejam consideradas.  

A PF também considerou acreditar que o ataque foi planejado a longo prazo, e um dos indícios seria o trailer estacionado com explosivos na Câmara dos Deputados. O veículo foi identificado nesta quinta-feira (14), um dia depois das explosões. 

“Esse trailer foi alugado há alguns meses, não foi uma coisa bem recente, e que estava em um ponto estratégico nas proximidades do STF [Supremo Tribunal Federal], o que nos aponta para, de fato, um planejamento de médio, talvez longo prazo, e que canalizam e sinalizam a gravidade de tudo isso que foi feito”, disse em coletiva de imprensa nesta quinta-feira. 

A presença do homem em Brasília em outras oportunidades também é considerada pelas forças de investigação como um indício do longo planejamento do atentado. 

“Essa pessoa já esteve em outras oportunidades em Brasília. Ele estava em 2023. Ainda é cedo para dizer se houver participação direta dele nos atos de 8 de janeiro, isso a investigação dirá”, declarou o diretor da PF.  

Andrei declarou que o caso conecta com outras investigações em andamento na PF, como a dos atos de depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.  

A constatação se deu pela mensagem deixada pelo homem para Débora Rodrigues no espelho de uma casa que alugou em Ceilândia (região istrativa do Distrito Federal distante cerca de 30 km do centro de Brasília). 

“Debora Rodrigues. Por favor, não desperdice o batom. Isso é para deixar as mulheres bonitas, estátua de merda se usa TNT", escreveu ele. Debora é ré por pichar com um batom a frase “perdeu, mané” na estátua da Justiça no 8 de janeiro. 

“Na residência em Ceilândia, havia uma mensagem nas paredes fazendo menção a um ato de pichação feita no 8 de janeiro na estátua da Justiça”, declarou. 

O diretor da PF que a ação das explosões foi individual, mas que ataques do tipo, geralmente, são “sempre permeadas por outras iniciativas”. Um dos focos da investigação será saber se o homem recebeu apoio logístico ou financeiro. 

Entenda 

Francisco Wanderley Luiz provocou duas explosões na Praça dos Três Poderes, em frente ao prédio do STF, na noite de quarta-feira. Em um momento, ele segurou um artefato que o matou ao explodir.  

O homem também estacionou seu carro próximo à Câmara dos Deputados. O veículo estava carregado de explosivos que, de acordo com as informações iniciais, foram acionados à distância.

O corpo dele ou a noite no local pelo risco de novas explosões, enquanto o esquadrão antibomba do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar desativou outros artefatos encontrados. 

Também foram identificados um trailer alugado por Francisco e estacionado na Câmara dos Deputados, próximo ao carro, e uma casa armada com explosivos. A PF ainda investiga uma caixa encontrada próximo aos prédios públicos e que pode ter relação com o atentado. 

Francisco acumulava, em suas redes sociais, mensagens críticas. Natural de Rio do Sul (SC), ele tinha 59 anos, era filiado ao PL e disputou o cargo de vereador nas eleições de 2020, mas saiu derrotado.