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Relatório da Abin aponta que homem-bomba circulava em Brasília desde julho e planejou suicídio
De acordo com o comunicado da Abin, o homem é réu em diversas ações penais, incluindo incolumidade pública, crime de desobediência e furto
BRASÍLIA - A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou que o homem responsável pelas explosões nos arredores do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de quarta-feira (14) já circulava por Brasília pelo menos desde julho deste ano e, em agosto deste ano, entrou no plenário do tribunal durante horário destinado a visitas.
O responsável pelo atentado, de acordo com as forças policiais, foi Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. Ele é natural de Rio de Sul (SC) e foi candidato pelo PL a vereador da cidade nas eleições de 2020. Ele morreu ao ser atingido por um artefato disparado por ele próprio na praça dos Três Poderes.
Pouco antes, duas explosões foram disparadas por ele – uma em frente ao STF, na praça dos Três Poderes, e a outra no carro dele, que foi encontrado em chamas e carregado com explosivos próximo ao anexo IV da Câmara dos Deputados. O corpo foi retirado do local após quase 13 horas do ocorrido, devido à possibilidade de haver artefatos em seu corpo.
De acordo com o comunicado da Abin, divulgado pelo O Globo, o homem é réu em diversas ações penais, incluindo incolumidade pública (infração de medida sanitária), crime de desobediência e furto. Ainda segundo o documento, o homem saiu de carro de Rio do Sul em 26 julho de 2024 e chegou em Brasília no dia seguinte.
Ainda segundo a agência, por ora, não há indícios de que ele atuou em conjunto com outras pessoas e teria planejado o suicídio. Francisco estava hospedado em uma casa em Ceilândia, cidade-satélite distante cerca de 30km da Praça dos Três Poderes. No local, policiais encontraram artefatos explosivos do mesmo tipo dos usados em frente ao STF.
No relatório, a Abin cita ainda publicações nas redes sociais sociais. Uma delas na quarta-feira, pouco antes das explosões na Praça dos Três Poderes, falando de uma série de atentados na capital federal, um plano que começaria a ser executado na quarta-feira e terminaria no sábado (16).
Francisco citou locais e nomes de possíveis alvos. Ele também indicou em uma das mensagens que havia planejado suicidar-se após o ataque. “Vamos brindar??? Não chores por mim! Sorria!!! Entrego minha vida para que as crianças cresçam com liberdade […]”.
Em seu perfil no Facebook, ele reproduzia tmbém teorias conspiratórias anticomunistas como o QAnon, populares na extrema direita norte-americana. O Facebook removeu a conta dele. Já em agosto, o homem havia postado uma “carta aos interessados” convocando protestos contra o Poder Judiciário.
Testemunha narra ataque e câmera filma do STF cena
Testemunha do atentado na Praça dos Três Poderes na noite de quarta-feira, um segurança do STF contou, em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, detalhes dos últimos momentos do homem que detonou explosivos e morreu em frente ao edifício-sede do tribunal.
Natanael da Silva Camelo, o segurança do STF, afirmou ter sido a última pessoa a abordar o homem antes da explosão fatal. Equipe de O TEMPO em Brasília teve o a cópia da ocorrência da Polícia Civil com o depoimento de Natanael. Também conseguiu vídeo do circuito do STF que mostra a investida de Francisco Luiz.
Confira a seguir o o a o dos últimos atos do catarinense Francisco Luiz no centro do poder nacional:
- Aos agentes, o segurança disse que Francisco se aproximou da estátua da Justiça, colocou uma mochila no chão, retirou uma blusa e a arremessou na direção da estátua.
- Natanael contou que ele e outros seguranças chegaram perto e Francisco mostrou artefatos em seu corpo. “O indivíduo abriu a camisa e os advertiu para não se aproximarem”, diz trecho da ocorrência.
- O segurança do STF contou ainda que o homem estava com uma mochila, de onde tirou uma blusa, alguns artefatos e um extintor. Ele também carregava uma espécie de detonador.
- A testemunha relatou também que Francisco disparou “dois ou três artefatos” antes de se deitar no chão e detonar uma das bombas. Imagem de uma das câmeras do STF mostra ele lançando os artefatos com fogo
- “Na lateral, o indivíduo deitou no chão, acendeu o último artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”, conclui o registro.
Bope encontra bombas e timer em cinto e mochila junto a corpo
Na madrugada desta quinta-feira, policiais encontraram no corpo de Francisco Luiz um cinto com mais artefatos e um timer – ou temporizador. Ele ainda carregava uma mochila com pino detonador em um pequeno extintor, que seria usado como bomba.
O corpo, que continuava no local até a manhã desta quinta-feira , justamente por causa do risco de conter mais explosivos, foi examinado por homens do esquadrão antibomba do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, com ajuda de um robô e de equipamentos para detecção de potenciais objetos de risco.
Os peritos do Bope retiraram os objetos suspeitos e os detonaram em outro ponto da praça, perto do corpo. Houve quatro explosões provocadas pelo Bope no início da manhã. A região central de Brasília amanheceu com forte esquema de segurança e a Esplanada dos Ministérios fechada ao trânsito, em função do atentado.
O corpo foi retirado e levado para o Instituto de Medicina Legal (IML) por volta das 9h, após o Bope decretar fim de varredura na Praça dos Três Poderes. Mas policiais continuavam checando outros pontos próximos.
Investigadores apontam ‘motivação política’
O veículo que explodiu a menos de 500 metros da sede do STF é um Kia Shuma, registrado em Rio do Sul. Está em nome de Francisco Luiz. Agentes contaram que ele morreu vestindo um terno e calça verde com estampas de naipes de cartas de baralho e usava um chapéu branco. A vestimenta remete à fantasia do personagem Coringa, vilão das histórias em quadrinhos.
A Polícia Civil confirmou que o carro explodido próximo à Câmara dos Deputados pertencia ao homem que morreu atingido por um artefato em frente ao STF. Agentes citam na ocorrência que ele pode ter agido por motivações políticas. “[Foi] possível identificar uma possível motivação, tendo em vista o conteúdo político de postagens no perfil dele em suas redes sociais”, diz o boletim.
Explosões ocorreram minutos após fim de sessão no STF
Duas fortes explosões foram ouvidas na Praça dos Três Poderes por volta das 19h30 de quarta-feira. Elas ocorreram em volta do edifício-sede do STF, logo após o fim da sessão na Corte.
As explosões ocorreram com pouco mais de um minuto de intervalo. Uma envolveu um carro na via em frente ao anexo IV da Câmara, ao lado do STF. A outra ocorreu no meio da Praça dos Três Poderes, onde fica o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.
O estrondo forte foi ouvido no Palácio do Planalto e prédios próximos, como o Congresso, com muita fumaça. As forças de segurança do Distrito Federal tratam o caso como possível atentado. A Polícia Federal informou, por meio de nota, que também investiga as explosões e um inquérito policial será instaurado para apurar os ataques.
"Foram acionados policiais do Comando de Operações Táticas (COT), do Grupo de Pronta-Intervenção da Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, peritos e o Grupo Antibombas da instituição, que estão conduzindo as ações iniciais de segurança e análise do local", diz a nota.
No momento das explosões, os ministros do Supremo foram retirados em segurança do prédio, que foi evacuado. “Ao final da sessão do STF desta quarta-feira (13), dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança”, diz nota do tribunal. “Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela”, completa.