STF

Advogado de Bolsonaro diz que vai pedir anulação da delação de Cid 

Celso Vilardi também criticou Moraes e disse que a defesa vai mostrar que Bolsonaro não participou da trama golpista

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 20 de fevereiro de 2025 | 16:22

BRASÍLIA - Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira (20) que vai pedir a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Na quarta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da delação premiada do militar.  

"O surpreendente é que eu tenha que pedir a anulação", disse Vilardi em entrevista nesta quinta-feira à Globonews. 
 
Apesar de fazer parte da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o inquérito da tentativa de golpe, as acusações foram baseadas em investigação da Polícia Federal que reuniu documentos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagens entre os acusados. 

No acordo firmado com a PF, e homologado pelo STF, Cid prestou informações sobre uma suposta trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. Em troca, pediu benefícios como a redução de eventuais penas e proteção a familiares.   

Além disso, Vilardi criticou a condução do ministro Alexandre de Moraes em depoimentos dados por Cid. Ele comparou com a Operação Lava Jato, que condenou políticos e, posteriormente, teve uma série de anulações das decisões -- entre elas as envolvendo o presidente Lula (PT), ao comprovarem a parcialidade do então juiz Sérgio Moro durante o processo. 

"O que nós estamos vendo que se sucedeu a respeito dessa delação, cadê os juristas, cadê os advogados que criticaram a Lava Jato? Qual é o recado que nós vamos ar ao país itindo uma delação como essa?", questionou. 

O advogado afirmou que “não há dúvidas de que há fatos graves relatados na denúncia”, mas adiantou que a linha de defesa será provar que o ex-presidente não participou do plano golpista. "Essa estratégia se baseia na própria inconsistência da denúncia", ressaltou.  

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou na terça-feira (18), ao STF, denúncia contra Bolsonaro e outras 33 pessoas acusadas por, entre outros crimes, tentativa de golpe de Estado.  

Vilardi declarou ainda que vai pedir para tirar o processo sobre a suposta tentativa de golpe de Estado da Primeira Turma do STF e levá-lo ao plenário. A Primeira Turma, um dos órgãos colegiados da Corte, é composto por Moraes e pelos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux.   

"Como pode se fazer um julgamento na turma? Nós temos uma regra. Eu vou [pedir para que seja no plenário]. Estou estudando a forma de pedir. Existe uma norma constitucional para julgamento de presidente da República", disse.