SUPREMO

Moraes libera para julgamento denúncia contra militares acusados de tramar golpe

Denúncia apresentada pela PGR contra 11 integrantes das forças de segurança será analisada pela Primeira Turma do STF

Por Renato Alves
Atualizado em 18 de março de 2025 | 09:20

BRASÍLIA – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento a denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra militares acusados de participar de suposto plano de golpe de Estado que envolveria o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

Moraes tomou a decisão nesta terça-feira (18), um dia após receber a denúncia assinada por Gonet contra 11 pessoas. A ação está na Primeira Turma do STF. Agora cabe ao ministro Cristiano Zanin, presidente do colegiado, incluir o caso na pauta de julgamentos.

Além de Zanin e Moraes, integram a Primeira Turma os ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux. Se a maioria dos cinco entender que a denúncia da PGR tem indícios de crimes, será aberta uma ação penal e os acusados vão virar réus.

A mais recente denúncia de Gonet diz respeito ao chamado “núcleo 3”. Conforme investigação da Polícia Federal, esse grupo era responsável por “ações coercitivas” e foi formado por agentes e policiais que se alinharam à suposta trama golpista, que envolveria monitoramento, sequestro e até assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dos seu vice, Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.

Confira a seguir os nomes dos 11 denunciados pela PGR:

  • Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
  • Estevam Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
  • Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército, era adido em Israel;
  • Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
  • Marcio Nunes Resende Júnior
  • Nilson Diniz Rodriguez, general do Exército;
  • Rafael Martins de Oliveira, major, integrante dos 'kids pretos', grupo das Forças Especiais do Exército;
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo,
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior, oficial do Exército;
  • Sérgio Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel;
  • Wladimir Matos Soares.

Gonet enviou a denúncia ao STF após os advogados apresentarem suas defesas. A maioria pediu arquivamento da ação por falta de provas. Também houve alegação de cerceamento de defesa e de falta de competência do STF para analisar o caso. 

Mas Gonet respondeu que a “denúncia descreve de forma pormenorizada os fatos delituosos e as suas circunstâncias, explanando de forma compreensível e individualizada a conduta criminosa em tese adotada por cada um dos denunciados”.

O STF já marcou para 25 e 26 de março a análise da primeira denúncia apresentada por Gonet contra acusados de tentativa de golpe de Estado. Ela diz respeito ao chamado “núcleo 1”, que inclui  Bolsonaro e mais sete acusados. Esse grupo seria formado pelos líderes da trama, segundo a PF.

Ao todo, a PGR acusa 34 pessoas pelos seguintes crimes:

  • organização criminosa armada;
  • golpe de Estado;
  • tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima;
  • deterioração de patrimônio tombado.

Os acusados foram divididos em cinco núcleos, conforme seu envolvimento na suposta trama golpista.