DOENÇAS RESPIRATÓRIAS

Emergência em saúde: ‘Precisamos de novos serviços para atravessar este mês difícil’, diz secretário

Vigilância da rede SUS-MG registrou alta circulação de vírus respiratórios; 397 mortes já foram notificadas

Por Isabela Abalen
Atualizado em 02 de maio de 2025 | 16:39

Minas Gerais precisa ampliar o número de leitos de internação e reforçar as equipes de saúde para enfrentar a alta de casos de doenças respiratórias neste outono-inverno. A avaliação é do secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, ao justificar o decreto de emergência em saúde pública, publicado nesta sexta-feira (2 de maio). O gestor afirma que o mês de maio deve ser marcado pelo pico de infecções respiratórias — como bronquiolite, influenza e covid-19. “Estamos preparados [para enfrentá-lo], mas ainda precisamos abrir novos serviços para atravessar este mês, que vai ser difícil”, ponderou.

Este ano, a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de Minas Gerais já registrou 26.817 internações por quadros respiratórios graves até o dia 26 de abril. O número representa uma média de 233 solicitações de leitos por dia — ou cerca de 10 por hora. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) mostram ainda que essas infecções causaram 397 mortes no mesmo período, o que equivale a pelo menos três óbitos por dia.

A alta demanda já levou, a nível municipal, Belo Horizonte, Contagem, Betim e Santa Luzia, na região metropolitana, a declararem situação de emergência. O decreto estadual, assinado pelo governador Romeu Zema (Novo), destaca a preocupação com o "potencial risco de extrapolação da capacidade de resposta do SUS". Sobre isso, o secretário Baccheretti explicou que a medida emergencial deverá contribuir para a resposta do sistema de saúde.

"Muitas ações só são possíveis com o decreto de emergência. Por exemplo, na Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig), [o decreto facilita] a contratação emergencial de trabalhadores da saúde, especialmente da enfermagem, e a abertura de novos leitos", afirmou o secretário. 

Baccheretti reforçou, ainda, que os municípios com as taxas de infecção mais críticas podem solicitar recursos estaduais para fortalecer o enfrentamento da alta das doenças. No decreto de emergência, o governo destaca Belo Horizonte, Montes Claros, Governador Valadares, Januária, Diamantina e Coronel Fabriciano como territórios sob atenção.

"Temos recursos do Estado para a abertura de leitos clínicos. O município que estiver enfrentando um aumento atípico de casos, necessitando de novos leitos, terá o a esse recurso. Estamos em comunicação com os municípios para garantir que isso aconteça", assegurou.

Secretário de Saúde incentiva vacinação 

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o Estado recebeu 5,7 milhões de doses da vacina contra a influenza, que foram distribuídas aos municípios. A imunização está sendo realizada de forma ampliada, contemplando toda a população acima de 6 meses de idade, com meta de cobertura vacinal de 90%. Nos postos de vacinação, a recomendação é também atualizar a proteção contra a covid-19 — cerca de um terço dos mineiros ainda não completou o esquema vacinal contra a doença. 

“Temos vacinas eficazes para a maioria das doenças respiratórias, como influenza e covid-19. A única exceção é o vírus sincicial (bronquiolite), que ainda não tem vacina disponível, mas é justamente um dos mais perigosos para bebês pequenos. É essencial que pais e responsáveis levem seus filhos para atualizar a carteira de vacinação. E que, em caso de sintomas, evitem o contato com outras crianças, para reduzirmos a transmissão”, orienta o secretário Fábio Baccheretti. 

Ações de enfrentamento 

Rede assistencial: a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que iniciou o ree de incentivos financeiros para hospitais abrirem ou adaptarem leitos pediátricos respiratórios. Em março, 12 leitos semi-intensivos foram abertos no Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte. A estrutura do hospital também está preparada para disponibilizar 10 leitos de CTI pediátrico, caso a demanda aumente. 

Vacinação: a vacinação contra a influenza faz parte do calendário de rotina. Em 26 de abril, o governo ampliou a vacinação para toda a população acima de 6 meses de idade, com metas de cobertura vacinal de 90%. A estratégia conta com o apoio de 222 vacimóveis – vans adaptadas como salas de vacinação móveis.

Vigilância epidemiológica: Minas Gerais conta com a Sala de Monitoramento de Vírus Respiratórios, ambiente técnico que acompanha a circulação de vírus em todo o Estado e guia decisões rápidas nas áreas de vigilância, assistência e vacinação. Além disso, o Comitê Estadual de Vírus Respiratórios realiza reuniões quinzenais e poderá intensificar os encontros conforme a necessidade. A próxima reunião está marcada para o dia 24 de junho.

Qualificação de profissionais do SUS: a SES-MG afirma que tem promovido treinamentos, webinários e aulas online com foco na prevenção, diagnóstico e manejo clínico das doenças respiratórias.