DÍVIDA DE MINAS

Em derrota para Zema, Lula veta acúmulo de benefícios do RRF e do Propag 6l3y72

Até então, o texto dispensava Estados de cumprir amarras do Regime de Recuperação Fiscal durante os cinco primeiros anos do novo programa 2t255l

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 14 de janeiro de 2025 | 20:22
 
 
A adesão de Minas Gerais ao RRF foi homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana Foto: Flavio Tavares / O Tempo

Em derrota para o governador Romeu Zema (Novo), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou o acúmulo de benefícios durante a transição de um Estado entre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e o Programa de Pleno Pagamento da Dívida junto à União (Propag). O projeto patrocinado pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), foi sancionado por Lula nesta terça-feira (14 de janeiro).

Lula vetou que a União continue pagando empréstimos contratados pelos Estados junto a bancos e instituições multilaterais até o fim do prazo em que ele estaria vinculado ao RRF. Assim que um Estado assina um contrato para refinanciar as dívidas após aderir ao regime, a União assume as parcelas de empréstimos, contratados ainda antes da adesão, em que ela é fiadora.  

De acordo com o Portal da Dívida Pública Estadual, da própria Secretaria de Fazenda, o número de dívidas oriundas de empréstimos do Estado de Minas Gerais alcança R$ 12,5 bilhões. As operações foram feitas junto a bancos nacionais, como, por exemplo, o BNDES e a Caixa Econômica Federal, mas, também, contratadas junto a instituições internacionais, como a AFD, o BIRD, o BID e o Credit Suisse.

Além de derrubar a permanência das parcelas dos empréstimos com a União, o presidente da República vetou a suspensão das amarras do RRF no ano em que os Estados solicitassem a ida para o Propag. Caso Minas Gerais pedisse a adesão neste ano, por exemplo, estaria dispensada de cumprir “metas, compromissos e obrigações do RRF” neste ano.  

Os vetos de Lula ainda alcançaram a flexibilização do limite de despesas com pessoal, ou seja, com servidores públicos, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Até então, o texto aprovado afrouxava o prazo para o cumprimento do teto, isentando os Estados de corrigir o excedente das despesas com pessoal em até oito meses. 

 A LRF determina que as despesas totais com pessoal não podem ultraar o teto de 60% da receita corrente líquida de um Estado, sendo que, exclusivamente para o Poder Executivo, o limite é de 49%. Em dezembro ado, o Tribunal de Contas do Estado voltou a alertar Zema que as despesas alcançaram 50,12% da receita, ultraando em 1,12 ponto percentual o teto.

Ao vetar as medidas, Lula justificou que elas ampliariam “o impacto fiscal do Propag para a União” e reduziriam “os incentivos do Propag para a gestão fiscal responsável e a sustentabilidade das contas públicas dos Estados”. “Em que pese a boa intenção do legislador, o dispositivo contraria o interesse público e incorre em vício de inconstitucionalidade”, pontuou o presidente. 

Zema subiu o tom contra Lula, acusando o governo de querer que os Estados paguem a “conta de sua gastança”. “Com vetos ao Propag, Lula quer obrigar os mineiros a rear R$ 5 bilhões a mais em 2025 e 2026, apesar do recorde de arrecadação federal: R$ 2,4 trilhões em 2024. É dinheiro para sustentar privilégios e mordomias”, criticou ele, em uma rede social.

O governador ainda questionou até quando os contribuintes bancarão a “desordem”. “Enquanto os Estados lutam para equilibrar contas, o (Palácio do) Planalto mantém 39 ministérios, viagens faraônicas, gastos supérfluos no (Palácio do) Alvorada e um cartão corporativo sem transparência”, apontou Zema, que, no início, era contrário ao Propag.