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'Não é possível afirmar que a gente tem uma taxa de juros exorbitante', diz Campos Neto na Câmara
A atual taxa de juros definida pelo Copom é de 10,50%; o índice é amplamente criticado pelo presidente Lula e seu entorno
BRASÍLIA - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, itiu que a taxa de juros no Brasil ainda é “muito alta” e que “isso não se discute”, mas ele negou que o índice seja “exorbitante”, como colocam integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com ele, no período entre 2019 e 2024, a média anual dos juros (medida pela Selic) foi de 8,1%, o menor índice quando comparado a uma série de mais de 20 anos.
“Não é possível afirmar que a gente tem uma taxa de juros exorbitante, apesar de ter uma inflação muito baixa”, disse nesta terça-feira (13) em audiência sobre política monetária nas Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.
A taxa de juros é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom), presidido pelo BC. O índice atual é de 10,50% ao ano. “Ainda é verdade que as taxas de juros no Brasil são absolutamente altas. Isso a gente não discute. O que a gente está querendo mostrar é que, ao longo do tempo, a gente tem sido capaz de trabalhar com taxas de juros mais baixas comparados a outros intervalos na história”, disse.
Campos Neto, que encerrará seu mandato no BC em dezembro deste ano, contou que o índice é alto por características estruturais do país, como uma baixa taxa de recuperação de crédito, a dívida externa, a poupança bruta e o parâmetro de risco, que é maior do que em alguns países da América Latina.
De acordo com o presidente do BC, os juros altos não beneficiam bancos privados. “Quando os juros sobem muito, a inadimplência sobe, então se perde muito mais no crédito do que se ganha na carteira própria. Não é verdade que os juros altos são bons para bancos. Na verdade, são ruins. Banco vive hoje uma carteira de crédito que precisa ter securitização, que precisa ter giro, e quando os juros são muito altos, isso não acontece”.
Autonomia do BC
Campos Neto também defendeu a autonomia do BC, tanto a operacional, que já existe, quanto a financeira e orçamentária, que está em debate no Congresso Nacional. O projeto que trata sobre o assunto está na pauta de quarta-feira (14) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
“A autonomia eu acho que foi um grande ganho institucional para o país. A gente teve uma eleição com poucas variáveis econômicas, e eu acho que grande parte se deu à autonomia do BC”, disse sobre a autonomia operacional que existe desde 2021 e blinda a instituição de influências do governo em vigor.
"Eu tenho certeza que as pessoas vão entender ao longo do tempo que o BC é técnico, que trabalha com um horizonte diferente, e trabalha de forma a atingir o mandato que é determinado pelo governo”.
O presidente do BC afirmou que estudos de países na América Latina mostram que o sucesso do sistema de autonomia está diretamente ligado à baixa inflação. “Acho que não tem nenhum exemplo na história que tenha dado certo”, contou sobre países que tentaram abandonar a autonomia.