TROCA DE PRESIDENTE

Jaques Wagner diz que 'todo mundo' prefere indicação antecipada ao BC, mas espera acordo no Senado

O líder do governo no Senado indicou que uma indicação seja antecipada pode ser positiva 'porque o BC trabalha com expectativa de futuro'

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 06 de agosto de 2024 | 15:20

BRASÍLIA - O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), avaliou que “todo mundo” no Banco Central (BC) vê como positiva a indicação antecipada do próximo presidente da instituição. A indicação deve ser feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o nome, depois, precisa ser aprovado pelo Senado.

O escolhido irá suceder Roberto Campos Neto, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e irá encerrar um mandato de quatro anos à frente do BC em dezembro.

"Hoje todo mundo no BC, mesmo quem está na direção, pelo que ouço, acha melhor indicar [antes], porque o BC trabalha com expectativa de futuro”, disse nesta terça-feira (6) no Senado, sugerindo que Campos Neto, que já foi criticado por Lula, também defende a ideia.

"Se fizer a indicação, [quem vai sair] vai saber que a palavra desse [indicado] é que está valendo", acrescentou Jaques. O líder frisou que não há prazo para a indicação acontecer e defendeu que se tenha uma antecipação apenas quando houver um acordo para a sabatina (momento em que o indicado é questionado sobre temas de interesse com o cargo e avaliado por senadores).

“Se indicar, só adianta se for combinado para fazer a sabatina, senão não resolve. Pelo que estou sentindo, a maioria das pessoas acredita que é bom indicar (antes), mas tudo tem que ser combinado", completou o líder do governo.

A sabatina acontece na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), seguida de uma votação no colegiado. Depois, o nome segue para confirmação em votação no plenário do Senado, que reúne os 81 senadores. Um dos cotados para suceder Campos Neto é o atual diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo.

Tanto Lula quanto aliados do presidente acumulam críticas disparadas a Campos Neto. O principal argumento é a taxa de juros, atualmente em 10,5%, tida como alta por governistas. A definição da alíquota é feita pelo Comitê de Política Monetária (Copom), comandado pelo presidente do BC. O petista já disse, em inúmeras entrevistas, que o cenário deve “melhorar” quando ele fizer a troca no BC.

“A taxa de juros de 10,5% é irreal para uma inflação de 4%. [...] isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente, que vai para o Senado e a gente vai poder construir uma nova filosofia. [...] Eu vou escolher uma pessoa que seja responsável, e aí o presidente da República não vai ficar dando palpite ‘baixa os juros, aumenta os juros’", disse Lula em junho em entrevista à FM O TEMPO 91,7, em Belo Horizonte (MG).