Alcolumbre diz que Bolsonaro tem direito à ampla defesa e que anistia não está em debate no Senado

BRASÍLIA - O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou nesta quarta-feira (19) que a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro não está em discussão na Casa e que o assunto “não é dos brasileiros”. A declaração foi dada a jornalistas, no Senado. 

“Isso não é um assunto que nós estamos debatendo. Quando a gente fala desse assunto, a todo instante, a gente está dando de novo a oportunidade de nós ficarmos, na nossa sociedade, dividindo um assunto que não é dos brasileiros”, afirmou. 

Questionado sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro, o presidente do Senado afirmou que todo cidadão tem direito a defesa e contraditório, que confia no Judiciário, e que o país não precisa de “embates de radicalismo nem do lado nem do outro”. 

Bolsonaro foi denunciado na terça-feira (18) pela Procuradoria-Geral da República, acusado de liderar a organização que tramava uma suposta tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023.  

Na entrevista, o parlamentar também disse querer separar as questões jurídicas das políticas, para não polemizar nem elevar o tom. 

"Há o meu entendimento, do ponto de vista legal, que todo cidadão tem o direito da ampla defesa e do contraditório, para que possa provar a sua inocência no decorrer do processo. Nós estamos em uma fase inicial do processo e agora teremos a defesa das partes envolvidas e isso é uma coisa que eu não gostaria de polemizar, fazendo mais uma fala que venha elevar o tom, exercendo o papel que não nos cabe", declarou o senador. 

O projeto de lei que anistia os envolvidos pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na terça-feira, Bolsonaro esteve no Senado para um almoço com senadores da oposição. Em seguida, falou com a imprensa e disse que já tem votos suficientes na Câmara dos Deputados para aprovar o PL da Anistia. “Acho que na Câmara já tem quórum para aprovar a anistia”, disse. 

Também nesta quarta-feira, ao discursar na abertura da sessão, o presidente do Senado disse que queria discutir a vida real. “Só assim nós vamos conseguir, a partir do Senado Federal, dar um exemplo, de dentro para fora, para a sociedade, de que nós estamos dedicados à pauta do mundo real e da vida real das pessoas, e a vida real das pessoas é acompanhar o desenvolvimento de um país onde cada um possa dar a sua parcela de contribuição”.