REGULAMENTAÇÃO

Governo publica portaria para liberar pagamento de emendas parlamentares 

Medida regulamenta decisão do ministro Flávio Dino, do STF, com ressalvas para as emendas

Por Ana Paula Ramos
Atualizado em 10 de dezembro de 2024 | 19:30

BRASÍLIA - O governou publicou na noite desta terça-feira (10) portaria que viabiliza o pagamento de emendas parlamentares até o fim do ano. A medida busca liberar o pagamento de R$ 3 bilhões em emendas Pix ainda neste ano, após decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Na semana ada, o magistrado liberou o pagamento das emendas parlamentares, suspensas em agosto. No despacho, no entanto, Dino definiu ressalvas para cada modalidade de emendas e deixou claro que os rees deverão obedecer a regras de transparência e rastreabilidade, tanto da origem da indicação quanto do destino do recurso. 
 
No entendimento do ministro, o projeto de lei aprovado pela Câmara e sancionado pelo presidente Lula não atendia integralmente às exigências para aumentar a transparência e rastreabilidade dos rees.   
 
A decisão não agradou os parlamentares. Por isso, a AGU solicitou que o STF reconsiderasse o entendimento, buscando acalmar o Congresso, para evitar uma retaliação na votação dos projetos de lei do pacote fiscal. 

Na segunda-feira (9), o ministro Flavio Dino, do STF, negou um pedido da AGU para modificar as regras para pagamento das emendas parlamentares, o que desagradou os parlamentares. 

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta terça-feira (10) que a equipe econômica do governo estuda a liberação das emendas parlamentares e mudanças na proposta do BPC (Benefício de Prestação Continuada) para conseguir a aprovação do pacote de corte de gastos ainda neste ano. 

O que diz o texto

A portaria busca regulamentar as exigências determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas permite antecipar o pagamento das emendas de transferência especial, chamadas de emendas Pix, antes da apresentação de planos de trabalho.

Esses planos podem ser apresentados até 31 de dezembro de 2024 e serão analisados por órgãos setoriais responsáveis, que devem emitir pareceres até 1º de fevereiro de 2025. Segundo o governo, a medida garante a transparência, sem comprometer a execução imediata de projetos e investimentos já previstos. 

Além disso, será obrigatório registrar a identificação dos parlamentares responsáveis pelas solicitações das emendas, nas notas de empenho e ordens bancárias. Essas informações devem constar no Portal da Transparência. 

O texto também estabelece regras para entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos oriundos de emendas parlamentares. Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou uma série de indícios de fraude e de mau uso do dinheiro público nos rees de emendas a ONGs (Organizações Não Governamentais) e demais entidades do terceiro setor. 

Com a portaria, essas organizações terão que divulgar os valores recebidos e aplicados, assegurando transparência e conformidade com a legislação vigente.