TRANSFERÊNCIAS

Governo prevê pagar R$ 7 bilhões em emendas até segunda para garantir aprovação do pacote fiscal

Na semana ada, governo publicou portaria para liberar pagamento de emendas parlamentares

Por Ana Paula Ramos
Publicado em 15 de dezembro de 2024 | 15:40

BRASÍLIA - Para garantir a aprovação do pacote de corte de gastos no Congresso, o governo vai liberar R$ 7 bilhões em emendas parlamentares até esta segunda-feira (16). Os valores estavam represados devido à decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender os rees por falta de transparência e rastreabilidade, em agosto. 

No início deste mês, o magistrado liberou os pagamentos, mas com ressalvas para cada modalidade de emenda. As transferências, no entanto, só voltaram na última semana, após o governo editar portaria e parecer jurídico instruindo ministérios a pagar os recursos nas regras estabelecidas por Dino. 

Desse valor, R$ 3,4 bilhões referem-se a emendas individuais (pagas ao parlamentar). A maioria é de transferências especiais, as chamadas emendas Pix: R$ 3,19 bilhões, que têm esse apelido porque vão direto do parlamentar para os caixas de prefeituras ou governos beneficiados. 

Há o pagamento também das emendas de bancada (R$ 373 milhões), destinadas a bancadas dos estados, e R$ 3,8 bilhões de emendas específicas para a área de saúde

Em sua última decisão, o ministro Flávio Dino deixou claro que os rees deverão obedecer a regras de transparência e rastreabilidade, tanto da origem da indicação quanto do destino do recurso, o que desagradou o Congresso. Parlamentares veem a ação do STF orquestrada pelo governo e, como retaliação, ameaçam não votar o pacote de corte de gastos. 

O magistrado criticou a atitude do Congresso na semana ada. “A democracia do piti [chilique] eu nunca tinha visto. O Supremo não pode decidir mais nada senão as pessoas dão escândalo”, disse o ministro nesta quinta-feira (12), ao participar do 6º Seminário STF em Ação, no Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), em Brasília.

As emendas parlamentares são verbas do Orçamento da União que o governo paga para deputados e senadores financiarem obras em seus estados.

Pacote de corte de gastos

A expectativa do governo é que a Câmara aprove projetos do pacote de cortes de gastos ainda nesta semana. Se aprovadas, as propostas devem gerar uma economia de R$ 70 bilhões nas contas públicas em 2025 e 2026. 

As medidas preveem, entre outras:

  • Inclusão da política de aumento do salário mínimo nas limitações do arcabouço fiscal; na prática, o mínimo poderá ser reajustado em patamares inferiores aos atuais;
  • Proposta, enviada ao Congresso, para acabar com salários acima do teto constitucional, os chamados supersalários;
  • Chamado para que beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), atualizem seus dados, caso não o tenham feito nos últimos dois anos; 
  • Mudanças nas regras de aposentadorias e pensões dos militares, como o fim da morte ficta – que permite o pagamento de pensão a parentes de quem foi expulso das Forças Armadas; e a fixação de idade mínima de aposentadoria, acompanhada de uma regra de transição.
  • Proibição de criação, ampliação ou prorrogação de benefícios tributários.