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STF: Barroso indica Moraes como relator do inquérito sobre as explosões em Brasília 5t6m2t

Mais cedo, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, indicou que o caso pode ter relação com os atos de 8 de janeiro - Moraes é relator do caso na Corte 616c3x

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 14 de novembro de 2024 | 14:00
 
 
A praça dos Três Poderes fechada e com policiamento ostensivo após as explosões registradas na noite de quarta-feira (14). Foto: EVARISTO SA / AFP

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, confirmou o ministro Alexandre de Moraes como relator do inquérito que vai investigar as explosões nos arredores do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto, que resultaram na morte dos autor das detonações. 

A escolha de Moraes leva em conta a chamada "regra de prevenção", em que o ministro que já relata temas similares continuará responsável por novos desdobramentos sobre o assunto. Mais cedo, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, indicou que o caso pode ter relação com os atos de 8 de janeiro - Moraes é relator do caso na Corte. 

O corpo do chaveiro Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, foi retirado por volta das 9h05 da praça, cerca de 13 horas depois do atentado. Policiais fizeram rastreamentos para encontrar demais explosivos que poderiam estar no perímetro. Após isso, o local foi lavado, o trânsito liberado, mas a segurança dos prédios dos Poderes foi reforçada

Natural de Rio do Sul (SC), Francisco foi candidato a vereador pelo PL nas eleições de 2020. Ele morreu ao ser atingido por um artefato disparado por ele mesmo. Momentos antes,  Francisco detonou duas bombas – uma em frente ao STF e outra em seu carro, que foi encontrado em chamas e carregado com explosivos próximo ao anexo IV da Câmara dos Deputados.

Na manhã desta quinta-feira (14), Moraes disse que as explosões na Praça dos Três Poderes na noite anterior não são um ato isolado. Ele culpou o “extremismo” e disse que esses episódios, assim como os de 8 de janeiro de 2023, foram estimulados pelo “gabinete do ódio”, referindo-se a suposto grupo montado no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e que é alvo de investigação da Polícia Federal.

“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto. [...] Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro”, prosseguiu o ministro.

O delegado geral da PF informou que também é investigado se Francisco planejava matar Moraes. Andrei Rodrigues considerou “categórico” o áudio em que a ex-mulher de Francisco Wanderley Luiz declarou a intenção do homem de matar o ministro do Supremo. “Há outras mensagens de redes sociais, inclusive enviadas para o próprio Supremo, ameaçando a Corte como um todo, não só o ministro Alexandre de Moraes”.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou que o homem circulava por Brasília pelo menos desde julho deste ano e, em agosto deste ano, entrou no plenário do tribunal durante horário destinado a visitas. Ele é réu em diversas ações penais, incluindo incolumidade pública (infração de medida sanitária), crime de desobediência e furto.

Ainda segundo o documento, o homem saiu de carro de Rio do Sul em 26 julho de 2024 e chegou em Brasília no dia seguinte. Por ora, não há indícios de que ele atuou em conjunto com outras pessoas e teria planejado o suicídio. Francisco estava hospedado em uma casa em Ceilândia, cidade-satélite distante cerca de 30km da Praça dos Três Poderes.

No local, policiais encontraram artefatos explosivos do mesmo tipo dos usados em frente ao STF. No relatório, a Abin cita ainda publicações nas redes sociais sociais. Uma delas na quarta-feira, pouco antes das explosões, falando de uma série de atentados na capital federal, um plano que começaria a ser executado na quarta-feira e terminaria no sábado (16).

Francisco citou locais e nomes de possíveis alvos. Ele também indicou que havia planejado o suicídio após o ataque. “Vamos brindar??? Não chores por mim! Sorria!!! Entrego minha vida para que as crianças cresçam com liberdade […]”. Em seu perfil, ele reproduzia também teorias conspiratórias anticomunistas como o QAnon, populares na extrema direita norte-americana.

Policiais encontraram no corpo do homem um cinto com mais artefatos e um timer – ou temporizador. Ele ainda carregava uma mochila com pino detonador em um pequeno extintor, que seria usado como bomba. Os policiais ainda desativaram ao menos oito explosivos encontrados no perímetro da praça dos Três Poderes.