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Alta de 233% na demanda de cirurgias nos hospitais sobrecarrega SUS-BH e 'fecha' Risoleta Neves; entenda
O aumento da demanda surpreendeu a pasta; hospital Risoleta Neves fechou as portas por superlotação
A média de internações ortopédicas de urgência diárias intermediadas pela Prefeitura de Belo Horizonte deveria ser de 30. No entanto, nos primeiros 20 dias de janeiro, esse número chegou a 100 — 233% maior do que a previsão da PBH. O aumento repentino, segundo informou o subsecretário de Atenção à Saúde, André Menezes, refere-se a maioria de vítimas sobreviventes de acidentes de trânsito, principalmente homens e motociclistas, que precisam de cirurgias. O excesso de demanda tem obrigado o hospital Risoleta Tolentino Neves, em Venda Nova, a operar além do limite. De forma emergencial, a unidade interrompeu o atendimento a novos pacientes, mesmo sendo porta-aberta 24 horas.
A sobrecarga de atendimentos cirúrgicos de urgência em Belo Horizonte — motivo que levou à suspensão de procedimentos eletivos por duas semanas na capital — não era esperada pela secretaria municipal de saúde. "De certa forma, surpreende. Normalmente, no mês de janeiro não registra uma ampliação significativa na demanda, exceto em anos de alta nas infecções, como a dengue. Desta vez, no entanto, observamos que o que mais cresce são os casos ortopédicos de acidentes de trânsito, envolvendo motocicletas, veículos e atropelamentos. É um perfil de feridos que não pode esperar pelas cirurgias”, afirmou André Menezes. O subsecretário justificou que as demandas da Saúde são dinâmicas e que a sobrecarga de casos foi identificada no acompanhamento da Central de Internações.
+Com Risoleta de porta fechada em BH, pacientes esperam no chão e em macas improvisadas: 'revoltante'
A notificação do Risoleta Neves, que solicitou apoio operacional à rede SUS-BH, foi, por exemplo, um dos sinais de precaução da pasta. “Acende um alerta, pois há muitos casos para a oferta assistencial disponível. Estamos com a oferta de leitos basicamente regular, mas chamou atenção o aumento da demanda por ortopedia só nos primeiros 20 dias do ano. Acionamos o Plano de Contingência, um procedimento padrão nesses casos, e nosso papel como referência em saúde”, explicou Menezes. Segundo ele, no último ano, a prefeitura de Belo Horizonte acionou o plano pelo menos outras três vezes. O Plano de Contingência consiste em suspender a realização de cirurgias eletivas.
Sobrecarga no Risoleta Neves
O gestor avalia que o pronto-socorro do Risoleta é uma das principais unidades de atendimento a urgências ortopédicas na capital, especialmente para pacientes vítimas de acidentes de trânsito e quedas de altura. A superlotação da unidade deverá ser resolvida com a aplicação do Plano de Contingência até fevereiro, que prevê a suspensão das cirurgias eletivas, segundo ele. “O Risoleta Neves está localizado em um grande corredor, sendo uma referência importante para o vetor Norte de BH e vários municípios vizinhos. Ele enfrenta uma grande sobrecarga na ortopedia, e a dificuldade em encaminhar os pacientes acaba retendo-os na unidade. O hospital será aliviado com o reforço das cirurgias urgentes nos outros sete hospitais de apoio”, destacou.
E os pacientes das cirurgias eletivas? Fila subiu 18% em seis meses
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que cerca de 33 mil pessoas aguardam por uma cirurgia eletiva na capital. O número aumentou 18% desde agosto do ano ado, quando eram 28 mil pacientes na fila. Embora a Secretaria de Saúde não tenha detalhado a quantidade de pessoas aguardando por cirurgias ortopédicas eletivas, como prótese de joelho ou tratamento de hérnia de disco, o subsecretário de Atenção à Saúde, André Menezes, afirmou que o número é próximo de 3 mil pacientes. “Estamos vivendo uma ampliação da demanda e, por isso, precisamos interromper essas cirurgias eletivas, em que os pacientes podem esperar, para fazer a gestão da demanda e da oferta de procedimentos na capital”, disse.
Menezes afirmou que a expectativa é que, logo após o fim do bloqueio de cirurgias, os procedimentos sejam ampliados para suprir a demanda reprimida. “Esses pacientes serão reagendados. A proposta é ampliar, logo nas semanas seguintes ao contingenciamento, o número de cirurgias eletivas para garantir que esses usuários não fiquem aguardando mais do que o necessário”, afirmou. O subsecretário, no entanto, não detalhou como será possível ampliar essa oferta nas próximas semanas. Segundo ele, essas negociações acontecem ao longo das semanas, conforme avaliação de necessidade.
Por outro lado, PBH nega relação de fechamento do Amélia Lins com alta demanda de cirurgias
Apesar de o Hospital Maria Amélia Lins (HMAL) ser referência em cirurgias de traumato-ortopedia e bucomaxilofacial, atendendo principalmente vítimas de acidentes de trânsito, o subsecretário de Atenção à Saúde, André Menezes, negou que a sobrecarga desses procedimentos esteja relacionada ao fechamento do bloco cirúrgico da unidade no final de dezembro. Os profissionais do bloco operatório e cerca de 200 pacientes mensais foram transferidos para o Hospital Pronto-Socorro João XXIII. “Negociamos com o João XXIII e ficou acordado que ele não transferirá pacientes para a Central de Leitos, ou seja, irá atendê-los diretamente. Além disso, o hospital se comprometeu a ampliar os procedimentos de urgência. Os pacientes de lá não têm sobrecarregado o município”, afirmou.
Questionada pela reportagem, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) afirmou que “não procede a informação de que o cenário de alta demanda por leitos ortopédicos de urgência está relacionado ao Hospital João XXIII”. A gestão garante que, ao contrário do Risoleta Neves, o João XXIII opera “dentro da capacidade operacional do pronto-socorro”.