BRASÍLIA - O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou suspender a conta do senador Marcos do Val (Podemos-ES) no Instagram e bloquear até R$ 50 milhões do parlamentar.

A decisão ocorreu na noite de segunda-feira (12), quase três meses após o senador ter o o às redes devolvido judicialmente pelo ministro do STF. As contas dele foram suspensas em junho de 2023, por causa de ataques ao Supremo.

No mesmo mês, Marcos do Val foi alvo de operações da Polícia Federal no âmbito do inquérito dos “atos antidemocráticos”. Na ocasião, ele foi acusado de obstruir investigações sobre os atos de 8 de janeiro de 2023. 

O senador disse em entrevistas que teve uma reunião com o ex-deputado federal Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para discutir um suposto plano de golpe de Estado

Segundo o próprio senador, ele incitou Bolsonaro a gravar clandestinamente um encontro com Moraes, para tentar uma declaração comprometedora que pudesse impedir a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).

Marcos do Val voltou a ter uma conta bloqueada por atacar o STF no Instagram. Em uma das publicações recentes, ele disse em um vídeo que “o cerco estava se fechando contra Moraes” e que iria acioná-lo em tribunais internacionais.

Senador fala em abuso de autoridade 5h514

Logo após os seus advogados serem notificados da decisão de Moraes, nesta segunda, Marcos do Val usou o X (antigo Twitter) para reclamar do ministro. O senador acusou “abuso de autoridade”.

“Essa decisão, além de inconstitucional, caracteriza-se como um verdadeiro abuso de autoridade, pois não houve qualquer comunicação prévia ao Senado Federal ou ao seu presidente, Rodrigo Pacheco”, escreveu Marcos do Val.

O senador ressaltou que tem apenas R$ 1 mil na conta corrente. Disse que a medida para bloquear inclusive o dinheiro que recebe mensalmente do Senado impedirá o exercício do seu mandato.

“O bloqueio da verba indenizatória, que é fundamental para o exercício de minhas funções como senador da República, me impede de realizar as atividades inerentes ao meu mandato, incluindo a locomoção para Brasília e o pagamento das despesas de gabinete, tanto na capital federal quanto na minha base regional. Não posso sequer comprar uma agem para exercer o meu papel constitucional de representante do povo do Espírito Santo”, reclamou.

“Essa decisão, revestida de uma pena antecipada de caráter perpétuo, é absolutamente desproporcional e inconstitucional. A imposição de uma dívida de 50 milhões de reais é não apenas impossível de ser quitada, mas também representa uma afronta à minha dignidade, não apenas como parlamentar, mas como ser humano. Nem em dez gerações seria possível pagar esse valor!”, completou.

Ele escreveu ainda que Rodrigo Pacheco e o Senado estão sendo desmoralizados. “Esta é mais uma prova de que o Brasil não é mais uma democracia plena, onde os poderes deveriam se respeitar mutuamente”, ressaltou. 

Marcos do Val terminou o texto pedindo “a imediata intervenção da mesa do Senado Federal, bem como do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco”. Até a publicação desta reportagem, nem Pacheco nem qualquer integrante da Mesa Diretora do Senado havia se manifestado.