TENTATIVA DE GOLPE

'C*guei para prisão', diz Bolsonaro sobre denúncia apresentada pela PGR 5b3p39

O ex-presidente falou à sua militância nesta quinta-feira (20) no seminário de comunicação do PL, que acontece em Brasília 6f6y5y

Por Lucyenne Landim
Atualizado em 20 de fevereiro de 2025 | 13:20
 
 
Jair Bolsonaro no primeiro dia do seminário de comunicação do PL, em Brasília Foto: Lucyenne Landim/O TEMPO Brasília

BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou o risco de ser preso por tentativa de golpe de Estado depois de perder as eleições de 2022. Na terça-feira (18), ele foi formalmente denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes que podem somar 38 anos de prisão.

“O tempo todo [dizem] ‘vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para prisão”, declarou nesta quinta-feira (20), durante o 1º seminário de comunicação do Partido Liberal (PL). “Para você denunciar uma pessoa, não precisa de 800 pautas. Quem escreve muito não tem o que mostrar”, frisou. 

Ao citar a pena que pode pegar se for condenado, o ex-presidente disse estar “tranquilo”. “Estou com a consciência tranquila. Nada mais tem contra nós do que narrativas e todas foram por água abaixo. Investiram pesadamente nessa última, golpe”. 

Bolsonaro lembrou que, nos atos do 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores dele se deslocaram do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, ele estava não estava no Brasil, e sim nos Estados Unidos. Os atos foram citados na denúncia da PGR. 

“O golpe da Disney. Eu estava lá com o Pato Donald e com o Mickey e tentei dar o golpe aqui [no Brasil]”, disse, reforçando a tese de que infiltrados destruíram os prédios públicos. “Tudo foi quebrado antes do pessoal chegar lá”, afirmou. 

denúncia da PGR aponta o ex-presidente como um dos líderes de uma organização criminosa que operou no país para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o êxito na última eleição presidencial. 

Os crimes apontados a ele são organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

Bolsonaro abriu sua fala no seminário com um vídeo antigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falando que ele não conseguiria se eleger e, em outros momentos, comparou sua trajetória política ao do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ele relacionou a facada que sofreu na campanha de 2018 com o atentado contra Trump em outubro de 2024 e lembrou que os dois não se reelegeram ao fim do primeiro mandato que exerceram. Bolsonaro também defendeu políticas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, como na área ambiental.

"E o Brasil vai ficar até quando submisso à legislação ambiental, como por exemplo a Margem Equatorial para explorar petróleo? Ou vai ficar esperando a boa vontade de uma pessoa para reativar a [ferrovia] Ferrogrão e que está há cinco anos parada por interesse personalíssimo de alguém?", questionou.

Seminário 162es

Bolsonaro esteve no 1º no seminário de comunicação do Partido Liberal (PL), promovido para munir a base da direita com ferramentas de olho nas eleições de 2026. A estratégia acontece também dois dias depois da denúncia contra ele ao STF. O evento começou nesta quinta-feira (20) e vai até a sexta-feira (21).

Na ocasião, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, saiu em defesa de Bolsonaro sem citar a denúncia. "É por ele que seguimos e seguiremos juntos", disse. Já o secretário-geral do partido e senador Rogério Marinho (RN) afirmou que o momento é "desafiador".

“Nós não vamos permitir a banalização do mal, que nos enfie goela abaixo uma narrativa mentirosa. Não vamos permitir que dilapidem nossos conceitos e nossos valores. Nós não vamos abandonar o capitão Jair messias Bolsonaro”, declarou. 

De acordo com o PL, mais de cinco mil pessoas se inscreveram no seminário, mas os presentes não lotaram o auditório principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, onde o evento foi realizado. Fileiras de cadeiras permaneceram vazias entre a metade e o fundo do salão, que tem capacidade para acomodar mais de três mil pessoas.

Um setor do auditório foi reservado para os mais de 100 influenciadores de direita, que jantaram com Jair Bolsonaro na noite de quarta-feira (19). Esse grupo é tido como fundamental para o PL por manter a mobilização da direita nas plataformas digitais.

No local, foram espalhados cartazes que apresentavam o evento como "o maior de comunicação partidária digital do Brasil". Os materiais informavam, ainda, "as maiores bigh techs do mundo com o maior partido do Brasil". Na programação, há previsão de palestras com as empresas X, Google (que tem o YouTube), Kwai, TikTok e Meta (responsável por redes sociais como Instagram, Facebook e WhatsApp).

O evento contou com a presença de parlamentares da direita e também do "Bolsonaro da Shoppe", um homem chamado Vilmar que atua como sósia do ex-presidente e foi tietado no seminário. Antes do início, a organização investiu em jingles do PL produzidos em diferentes estilos musicais, indo do forró e do sertanejo ao funk e reggaeton.