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Governo Lula prepara ofensiva digital para reagir a domínio da oposição nas redes
Comunicação está no foco das ações, e novo ministro anunciou licitação de R$ 200 milhões em publicidade na internet
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a reforma ministerial do governo pela Comunicação, parte de uma série de esforços para reagir à crescente ofensiva da oposição nas mídias digitais. A leitura interna é a de que, enquanto nomes de direita dominam o uso das redes sociais e conseguem aproveitar seu potencial, o Palácio do Planalto patina em uma comunicação que não atinge a ponta.
O ápice ocorreu na última semana, quando o governo se viu refém de notícias falsas de que a Receita Federal começaria a taxar transferências feitas por Pix. Diante de diversos vídeos virais sobre a norma do governo Lula para fiscalizar transações financeiras, como o Pix, o governo recuou da medida e alimentou o discurso oposicionista.
Antes do auge dessa polêmica, Lula nomeou oficialmente na semana ada o publicitário Sidônio Palmeira como ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República com o desafio de melhorar a comunicação digital do governo federal. Sidônio atuou como marqueteiro da campanha do petista em 2022.
Em seu discurso na posse, Sidônio já havia reclamado das mentiras contra o governo e afirmou que a comunicação é desafio para todos: “A informação dos serviços não chega na ponta. A população não consegue ver o governo nas suas virtudes. A mentira nos ambientes digitais fomentada pela extrema-direita cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”.
Comunicação digital de João Campos é referência
Para vencer esse desafio, Sidônio buscou nomes na equipe do prefeito de Recife (PE), João Campos (PSB), para compor o seu time na Secom. A estratégia digital utilizada nas redes sociais de Campos é considerada um caso de sucesso, com vídeos no TikTok e linguagem mais jovem. Na última eleição municipal, ele foi reeleito em primeiro turno com quase 80% dos votos.
O próprio João Campos e seu marqueteiro, Rafael Marroquim, estiveram no Palácio do Planalto para conversar sobre gestão digital com o presidente Lula e com o chefe da Secom. Marroquim, inclusive, indicou Mariah Queiroz, que trabalhava com a redes sociais do prefeito de Recife, para o cargo de secretária de Estratégias e Redes. A agência da qual Mariah é sócia também fez a elogiada campanha da deputada Tabata Amaral à Prefeitura de São Paulo, em 2024.
Secom prepara ofensiva nas redes
Uma das apostas é concluir uma licitação para contratar empresas de comunicação digital. Para aliados do presidente, a Secom não tem funcionários, recursos e estrutura suficientes para equilibrar a disputa com a direita nas redes sociais. Logo após a posse, Sidônio anunciou que pretende recomeçar do zero a licitação para gerenciamento de redes sociais do governo.
Liderado pelo seu antecessor, o ex-ministro Paulo Pimenta, o processo contratava quatro empresas, a um custo de R$ 197 milhões por ano. No entanto, a licitação havia sido suspensa em julho do ano ado pelo ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União, devido a suspeitas de violação do sigilo na divulgação dos resultados. No último dia 10, o TCU autorizou a retomada do processo, afirmando que já houve o “pleno esclarecimento prestado pela Secom”, e a revogação da licitação suspensa.
Mas Sidônio rechaçou a possibilidade de ela ser retomada. “Pretendo fazer uma nova licitação. Aquela licitação não vale mais, não nos interessa. E vamos encaminhar o mais rápido possível. Trabalhar imediatamente nisso”, afirmou, em coletiva de imprensa após a cerimônia de posse. A intenção é que a licitação seja realizada ainda no primeiro semestre, de acordo com ele.
O edital publicado em janeiro de 2024 previa a contratação de quatro empresas de comunicação digital para atender o Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal (Sicom), com os seguintes serviços:
- Prospecção, planejamento, desenvolvimento, implementação de soluções de comunicação digital do SICOM;
- Moderação de conteúdo e de perfis em redes sociais, análise de sentimentos e o desenvolvimento de proposta de estratégia de comunicação nos canais digitais do SICOM com base na inteligência dos dados colhidos;
- Criação e execução técnica de projetos, ações ou produtos de comunicação digital do SICOM; e
- Desenvolvimento e implementação de formas inovadoras de comunicação, destinadas a expandir os efeitos da ação de comunicação digital do SICOM, em consonância com novas tecnologias.
Sidônio Palmeira ainda não informou quais serão as mudanças previstas para o novo processo licitatório.
Governo já de olho em 2026
A licitação que envolve a comunicação digital também é importante por conta da legislação eleitoral. A norma determina que o gasto com publicidade no primeiro semestre de um ano eleitoral não pode exceder em seis vezes a média mensal dos valores empenhados e não cancelados nos três últimos anos que antecedem o pleito.
Ou seja, o governo federal precisa gastar mais com publicidade neste ano para poder gastar mais em 2026. Por outro lado, enfrenta medidas de corte de gastos que podem dificultar essas medidas.